Em um cenário de crise no setor automobilístico, além da Fiat, que abre fábricas de SUVs, a Honda também parece nadar de braçada. A fábrica em Sumaré, no interior de São Paulo, opera a todo o vapor, com horas extras para dar conta da demanda. Seu recente lançamento, o utilitário-esportivo HR-V, tem fila de espera de 100 dias e as vendas da marca aumentaram 15% no primeiro quadrimestre, num mercado que caiu 18,4%.
Mesmo com o cenário favorável, a fabricante japonesa está cautelosa. A segunda fábrica do grupo no País, antes prevista para ser inaugurada no fim do ano, só deve entrar em operação em Itirapina (SP) em 2016, ainda sem data definida. “Estamos revendo (o calendário) por causa da conjuntura. Vai depender do mercado, da situação econômica”, afirma o vice-presidente da Honda do Brasil, Carlos Eigi.
A nova fábrica vai dobrar a capacidade produtiva da Honda, atualmente de 120 mil veículos por ano e ajudará a desafogar a unidade de Sumaré, que opera no limite. Os operários fazem 1h40 de trabalho extra diariamente em cada um dos dois turnos. “É caro e exige muito dos trabalhadores”, afirma Eigi.
O plano da Honda é inicialmente concentrar na nova fábrica a produção do Fit, abrindo assim espaço para os modelos City, Civic e HR-V. Lançado em março, o utilitário-esportivo (SUV) compacto representa 40% da produção diária.
Expansão. Só com horas extras, a Honda consegue ampliar a produção de 540 para 657 carros por dia. A empresa investiu R$ 250 milhões nos últimos meses para a produção do HR-V e em novos equipamentos, como robôs para a linha de pintura de peças plásticas, para reforçar a produção de componentes que serão enviados para Itirapina, cujo projeto exigiu investimentos de R$ 1 bilhão. As duas fábricas farão as mesmas linhas de produtos.
Segundo o executivo, a renovação da linha de produtos, a introdução dos novos Fit e City, a nova motorização do Civic e a chegada do HR-V são os principais motivos do desempenho positivo da marca.
“Também sentimos dificuldades no mercado, mas nosso diferencial são os novos modelos”, afirma Paulo Takeushi, diretor institucional da Honda.
Sem crise. A Honda não é a única montadora a escapar da crise. A também japonesa Toyota opera em dois turnos, com duas horas extras por dia nas fábricas de Indaiatuba e Sorocaba, ambas no interior de São Paulo.
A unidade de Indaiatuba, onde é produzido o sedã Corolla, emprega 2 mil trabalhadores e a de Sorocaba, que faz o compacto Etios, 1,6 mil.
De janeiro a abril, a Toyota vendeu 56,7 mil automóveis e comerciais leves (incluindo importados), 7% a mais que em igual período do ano passado. O mercado total desses segmentos vendeu 861,7 mil unidades, 18,4% menos que em 2014.
Outra marca asiática, a coreana Hyundai, opera em três turnos e, assim como Honda e Toyota, não adotou medidas de corte de produção, como férias coletivas e lay-off (suspensão de contratos de trabalho), a exemplo do que faz a maioria das fabricantes, especialmente as de grande porte.
A empresa dará férias coletivas aos funcionários de 2 a 12 de julho, mas dia que se tratar de parada programada para manutenções. A Hyundai espera repetir neste ano, na fábrica de Piracicaba (SP), a produção de 2014, de 180 mil unidades dos modelos da família HB20.
No primeiro quadrimestre, a marca vendeu 50,4 mil unidades da linha HB20, com queda de 3,7% em relação ao mesmo intervalo do ano passado. Incluindo modelos importados e produzidos na fábrica da Caoa/Hyundai em Anápolis (GO), as vendas somam 65,4 mil unidades, queda de 6,9%.
Da Redação com AE