A Grécia confirmou nesta terça-feira que não vai pagar ao Fundo Monetário Internacional (FMI) a parcela de € 1,6 bilhão do atual pacote de resgate que vence às 18h de Washington (19h no Brasil). Com isso, se tornará a primeira nação desenvolvida na História a entrar em dívida com o FMI, passando a fazer parte do grupo de países que inclui Sudão, Somária e Zimbabwe, segundo o jornal britânico “The Guardian”.
Mas o ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, deixou aberta a possibilidade de um possível acordo de última hora:
— Esperamos que sim — afirmou, ao ser perguntado sobre o assunto.
Nesta terça-feira, o primeiro-ministro, Alexis Tsipras, estaria avaliando uma proposta de resgate de última hora feita pelo presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker. Segundo o jornal britânico “The Guardian”, representantes dos credores e o governo grego estão em contato, mas não há “movimento real” de acordo. Tsipras pode viajar a Bruxelas ainda hoje para discutir a proposta.
Ao entrar em calote, a Grécia poderia ser forçada a deixar a zona do euro. Varoufakis disse ao jornal “The Telegraph” que a Grécia pode tomar medidas legais para bloquear a sua expulsão da união monetária.
“O governo grego vai fazer uso de todos os nossos direitos legais”, disse Varoufakis. “Estamos sendo assessorados e certamente vamos considerar uma liminar na Corte Europeia de Justiça. Os tratados da UE não prevêem saída do euro e nos recusamos a aceitá-la. Nossa adesão não é negociável”, disse ele ao jornal britânico.
As negociações entre a Grécia e seus credores (Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia) foram suspensas no sábado, depois que Tsipras anunciou de maneira surpreendente a convocação de um referendo em 5 de julho sobre as propostas europeias.
No total, o país deve ao FMI US$ 26 bilhões, quase quatro vezes mais que o valor total dos fundos em atraso na história do FMI, de acordo com a instituição.
Na noite desta segunda-feira, milhares de pessoas foram às ruas de Atenas protestar contra as propostas dos credores, que foram acusados de chantagem.