O apresentador Jô Soares aproveitou o programa dele na TV Globo na madrugada desta sexta-feira (19) para se defender das acusações que vem sofrendo, de que ele teria se vendido na entrevista com a presidente Dilma Rousseff por conta do Ministério da Cultura ter aprovado um projeto para captação de recursos para uma peça de teatro em que ele aparece como diretor.
No projeto que está disponível para consulta no Sistema de Apoio às Leis de Incentivo à Cultura, o Salic, Jô Soares aparece como diretor da peça com um cachê de 100 mil reais para um trabalho de seis meses. “Deixa eu esclarecer uma coisa: eu não recebo verba nenhuma. Quando pedem uma coisa na lei, tem que especificar quem vai dirigir, etecetera e tal. E disseram: ele já recebeu esse dinheiro! Nunca usei nenhuma lei de incentivo para receber dinheiro, porque eu não sou produtor, sou diretor. Me chamam e eu dirijo… ou não”, justificou.
O valor aprovado pelo MinC para captação é de R$ 1.957.910,00. De acordo com a síntese do projeto, trata-se da montagem e temporada da peça “Tróilo e Cressida” de William Shakespeare.
Uma outra coisa que chama a atenção é que, na descrição, a peça tem um “caráter político, e apresenta uma discussão ética sob aqueles que detêm o poder”. E diz mais: “no ponto de vista do diretor o espetáculo dialoga perfeitamente com o nosso tempo. A temporada terá 24 apresentações no estado de São Paulo”.
Jô Soares se defendeu dizendo que foi convidado para dirigir o espetáculo assim como é convidado para dirigir vários espetáculos. “Eu não quero nem saber, o meu barato hoje em dia em teatro é dirigir. Claro que meu nome vai constar em dezenas de fichas técnicas. Primeiro eu tenho que ler e dizer que eu quero”, disse o apresentador durante a entrevista com Pedro Paulo Rangel e Gabriel Falcão que também estão em cartaz com uma peça.
“Porque também é muito bom deixar claro que a lei não dá dinheiro, ela permite que você saia para capitar de pires na mão. Como existem vários projetos que tem autorização para capitar e não conseguem”, justificou.
“Aliás, eu produzi um espetáculo sem auxilio nenhum: nem de patrocinio, nem de lei e de nada, que foi o FrenkenteinS, em 2002, só na bilheteria como era antigamente. Ele se pagou e deu lucro e ficou dois anos em cartaz”, ilustrou se referindo à um espetáculo que marcou a volta dele aos palcos naquele ano. “FrankesnteinS” foi produzida, dirigida e adaptada pelo apresentador.
O proponente do projeto é uma associação, sem fins lucrativos, conhecida por M.A.T.I.L.D.E. – Movimento Artístico para a Transformação Integrado pela Liberdade, Direitos e Entretenimento, com sede em São Caetano do Sul. No curriculo estão algumas peças produzidas, desde 2010, com o Escritório das Artes com nomes como Norma Bengell, Caco Ciocler, Paulo Goulart Filho, Mayara Magri, entre outros. (Com Terra)