O papa Francisco se reunirá pela primeira vez em público com um representante de um coletivo LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais), durante sua visita ao Paraguai. O encontro do pontífice com Simón Cazal, presidente da organização Somosgay, está marcado para 11 de julho no estádio León Condou, em Assunção. Cazal se casou com outro ativista da Somosgay, Sergio López, em 2012, na Argentina.
O ativista qualificou este convite como um “gesto histórico”, dado que até o momento “não ocorreu nenhuma aproximação do papa com organizações LGTB em outros países da região”. Acrescentou que acredita que este encontro poderá “marcar uma ruptura com a retórica dos setores ultraconservadores da Igreja Católica”, autores das “piores desqualificações” para os homossexuais. “Muitas pessoas gays, lésbicas, bissexuais e trans no Paraguai permanecem atormentadas por uma fictícia contradição que os setores retrógrados da Igreja estabelecem entre a fé religiosa e a orientação sexual”, disse Cazal, que afirmou também que uma grande maioria da população LGBT do país é católica.
Nesse contexto, o ativista assegurou que mais de 95% dos jovens entre 15 e 24 anos para os quais a Somosgay prestou atenção nos últimos anos denunciaram ter sido vítimas de violência familiar e inclusive foram expulsos de suas casas porque seus parentes tinham preconceitos de cunho religioso contra sua orientação sexual. Em outros casos, as famílias submetem os jovens LGTB a supostos “tratamentos de cura do homossexualismo”, que combinam “os grupos de oração” com as “descargas de eletrochoques” e a “administração de psicofármacos”, denunciou Cazal.
Segundo ele, esses centros de internamento são mantidos, muitas vezes, por organizações religiosas, e que nestas situações de reclusão são frequentes os suicídios. Por isso, Cazal se mostrou esperançoso de que a reunião do papa Francisco com Somosgay “deslegitime o discurso homofóbico” na sociedade paraguaia, e “alivie a dor e sirva como reparação” às vítimas de discriminação por sua orientação sexual e identidade de gênero.
Cerca de 90% da população paraguaia se define como católica, segundo dados colhidos em 2014 pelo centro de pesquisas PEW, com sede em Washington. Este dado transforma o Paraguai no país com maior proporção de católicos de toda América Latina. O país não possui nenhuma lei que regule as uniões civis entre pessoas do mesmo sexo, e organizações defensoras dos direitos humanos, como Anistia Internacional, reivindicam que é o único Estado da região que não conta com uma lei contra toda forma de discriminação.
(Com agência EFE)