Um dos dados que constam do levantamento realizado pelo instituto MDA sobre a avaliação do governo da presidente Dilma Rousseff, divulgados nesta terça-feira 21 pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT), aponta que 78,1% dos brasileiros são contra doações de empresas para campanhas políticas. A pesquisa foi feita entre os dias 12 e 16 de julho com 2.002 entrevistados.
Pesquisa divulgada no início do mês pelo Datafolha apontou resultado semelhante: 74% dos brasileiros são contra o financiamento empresarial.
Os números deveriam dar impulso à reforma política e também colocam em xeque as posições do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, que são contra o financiamento público de campanhas.
Há cerca de dois meses, Cunha conseguiu aprovar na Câmara, por meio de uma manobra regimental, proposta que insere na Constituição Federal a permissão para as empresas doarem exclusivamente aos partidos políticos – e não aos candidatos.
A matéria foi aprovada com 330 votos, contra 141 – depois de ter sido reprovada um dia antes (relembre aqui). Parlamentares recorreram ao STF alegando que a votação foi ilegal, mas o tribunal não acatou a ação.
No próprio Supremo, corre o julgamento de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) impetrada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) que proíbe a doação de empresas privadas a campanhas eleitorais.
O caso foi interrompido, no entanto, por um pedido de vista de Gilmar Mendes, que há mais de um ano e três meses não deu seu voto, nem devolveu a ação ao plenário – os ministros já haviam decidido a matéria por 6 votos a 1 contra o financiamento privado.
Em sua atuação na presidência da Câmara, Cunha costuma entoar o discurso de que está pautado pela sociedade – a afirmação também foi feita em seu pronunciamento de cinco minutos em rede nacional na última sexta-feira 17. “As principais demandas da sociedade é que estão pautando o nosso trabalho”, declarou o deputado.
As pesquisas, no entanto, dizem o contrário: a Câmara vem sendo pautada por sua própria vontade e a de políticos financiados por grandes companhias privadas.