Suspeita de funcionar como instrumento de captação de propinas para o PT, a Editora Gráfica Atitude movimentou R$ 67,7 milhões entre junho de 2010 e abril de 2015, segundo relatório de Inteligência Financeira da Operação Lava Jato. Controlada pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, grupo historicamente ligado ao petismo, a gráfica é investigada pela Polícia Federal em inquérito que atribui ao ex-tesoureiro petista João Vaccari Neto os crimes de corrupção e lavagem de dinheiro desviado no esquema de corrupção da Petrobras. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Produzido pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), o relatório foi anexado ontem (segunda, 21) aos autos da Lava Jato. Segundo o jornal paulista, o documento compõe o dossiê de indiciamento do empresário Marcelo Bahia Odebrecht, presidente da principal empreiteira brasileira. Para a PF, ele cometeu os mesmos crimes de Vaccari e ainda foi enquadrado por formação de organização criminosa e crime contra a ordem econômica.
Investigadores da Lava Jato suspeitam que a Odebrecht e a Gráfica Atitude mantinham relações sistemáticas no esquema de corrupção. Em um dos relatos que sustentam a tese, o delegado Eduardo Mauat da Silva menciona um jantar promovido pelo empreiteiro em sua casa, a pedido do ex-presidente Lula, em 2012. O que intrigou os envolvidos na investigação foi a lista de convidados para o convescote com empresários e banqueiros: dois sindicalistas, administradores da gráfica – Juvandia Morandia Leite, presidente do Sindicato dos Bancários, e Sérgio Aparecido Nobre, representante do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, reduto que deu projeção nacional a Lula nos anos 1970.
Ainda segundo o Estadão, a devassa nas contas da atitude revelou que, entre agosto de 2008 e janeiro de 2010, a empresa Observatório Brasileiro de Mídia recebeu R$ 833 mil da gráfica, em 40 operações bancárias. Juvandia Morandia consta como presidente dessa firma. O documento da PF revela ainda que 137 operações bancárias abasteceram em quase R$ 18 milhões a conta da Editora Gráfica Atitude, entre dezembro de 2007 e março de 2015. Os depósitos foram feitos em espécie pelo Sindicato dos Bancários.
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