A delegada Roberta Neiva, que presidiu o inquérito em conjunto com dois delegados, que resultou na prisão de dois homens suspeitos pelo sequestro de duas mulheres em João Pessoa e estupros delas na cidade de Goiana (PE), se emocionou ao relatar, nesta quarta-feira (1), os momentos investigativos. “Sou delegada, mas sou mãe e mulher. Foi muita perversidade e brutalidade com as mulheres e o bebê de uma delas. Me emocionei, mas não deixei que a emoção tomasse conta de mim”, disse, com lágrimas nos olhos, a delegada que há dez anos integra os quadros do Estado. Se condenados, a somatório dos anos de prisão da dupla deverá ultrapassar os 100 anos.
Foram dez dias de investigações e um desfecho satisfatório. Ivar Pedro da Silva, 43 anos, e Leonardo José da Silva, 22, foram presos e apresentados à imprensa paraibana nessa terça (30) como sendo a dupla que sequestrou as duas mulheres e o bebê de 9 meses de uma delas, em João Pessoa, no sábado (20) e a estupraram em um canavial de Pernambuco. As vítimas foram encontradas no domingo (21). Uma das mulheres já estava morta. A outra de 31 anos agonizava no chão de terra e lutava para não morrer. Ela ouviu o choro do filho por quase doze horas, mas não tinha condições físicas de acalentá-lo.Os nomes dos envolvidos foram divulgados pela Secretaria de Segurança Pública do Estado.
“Imagina para uma mãe ouvir o filho chorar e não poder fazer nada. A jovem sobrevivente estava muito debilitada quando a encontramos. A criança quando peguei nos braços estava com muitos ferimentos pelo corpo devido às picadas dos mosquitos. Eu tomei conta dele como se fosse meu filho. Nessa hora, eu me emocionei, mas me segurei para não desabar”, falou Neiva.
Conforme investigação da Polícia Civil da Paraíba, Ivar Pedro e Leonardo José são amigos e estariam agindo, de forma criminosa, na Zona Sul de João Pessoa. “Ivar emprestava a moto para Leonardo assaltar. São criminosos contumaz. Ivar responde a processo na cidade de Igarassu-PE e estava em liberdade condicional há 8 anos. Ele foi preso quando esperava o almoço em um restaurante da cidade pernambucana. Ivar tem uma filha e vários endereços residenciais. Há processos contra ele nos estados da Bahia, Pernambuco e Paraíba. Léo teve passagem quando era menor de idade e suspeitos de roubos de veículos.
O inquérito policial comprovou que o objetivo da dupla era apenas roubar o veículo onde às vítimas estavam, mas não estuprá-las. “Ivar disse não se lembrar de nada porque estava sob o efeito de álcool e drogas. Mas, isso não justifica tanta perversidade. O objetivo era apenas roubar o carro, mas, infelizmente, terminou em um desfecho trágico”, relata a delegada.
Durante a coletiva, o delegado de Homicídio de Goiana (PE), Herbet Martins, falou do trabalho da equipe coordenada por ele, que foi o de coleta de material genético das vítimas e de corpo de delito dos dois sobreviventes. “A sobrevivente encontra-se em um processo de recuperação, não está mais na UTI e lembra de todos os fatos que aconteceram. E destaco aqui a importância da parceria entre as polícias da Paraíba e Pernambuco que ajudou a dar uma resposta a população”, concluiu o delegado.
Em entrevista à equipe da TV Correio HD, um dos suspeitos disse que está arrependido de ter cometido o crime e pediu desculpas à família. O outro apontado pela polícia como participante do caso não quis falar com a imprensa.
Leonardo foi indiciado por roubo e privação de liberdade. Ivar foi indiciado por roubo, privação de liberdade das vítimas, duplo estupro, dupla tentativa de homicídio e homicídio. Os dois foram encaminhados para o presídio da Capital onde vão aguardar as sentenças da Justiça.
Crime
A delegada Roberta Neiva disse que a dupla abordou as duas mulheres e o bebê de nove meses, filho de uma delas, no bairro dos Bancários, na Zona Sul de João Pessoa. Na tarde do sábado (20), de moto, eles anunciaram o assalto às vítimas, que estavam de carro, voltando de uma festa em uma escola. Apesar do carro ter sido oferecido pelas mulheres, eles não aceitaram.
Segundo o relato da delegada, com base no depoimento da vítima sobrevivente, um dos dois entrou no carro, tomou a direção do veículo e seguiu para Pernambuco, pela BR-101, enquanto o outro suspeito continuou de moto. Ela falou que um dos envolvidos no crime pretendia roubar o veículo e deixar as mulheres, mas o outro teria insistido em permanecer com as vítimas.
Elas foram levadas para um canavial, na cidade de Goiana, em Pernambuco, onde um dos suspeitos estuprou as duas mulheres e abandonou o bebê de noves meses na mata. A primeira vítima estuprada foi trancada na mala do carro até que a violência sexual fosse concluída com a outra mulher.
Depois, eles colocaram as duas mulheres na estrada de terra do canavial, amarraram cada uma delas com roupas e um deles as atropelou com o carro. Uma não suportou os ferimentos e morreu no local e a outra resistiu e se recupera em um hospital de Pernambuco. O carro das vítimas foi achado incendiado horas depois do crime. (Correio)