O ex-tesoureiro da Prefeitura de Campina Grande, Rennan Trajano, afirmou nesta quinta-feira, 29, em entrevista concedida à Rádio Campina FM, que a empresa denominada JGR foi criada tão somente para desviar dinheiro público destinado a subsidiar campanhas eleitorais do ex-senador Vital do Rêgo Filho.
Segundo ele, as notas fiscais, os empenhos e as licitações referentes à empresa eram de “fachada”. Sendo assim, os documentos apresentados na prefeitura se referiam a meras duplicidades de obras de pavimentação e drenagem realizadas pela empresa Compec. Com esta prática, foram subsidiados R$ 10 milhões, destinados ao financiamento irregular de campanhas eleitorais.
“Na verdade, o que existem são cópias de serviços já executados e pagos. A JGR foi colocada como prestadora de serviço da prefeitura para possibilitar o levantamento de recursos que subsidiaram a campanha para o Senado do então deputado federal, em 2010, Vital do Rêgo Filho. Essa empresa forneceu notas, recebeu os recursos, mas não executou serviços, mesmo porque não aconteceu o devido processo licitatório. A sua meta era o de fornecimento de tais notas. O pior é que, além desta empresa, existem outras irregularidades que já foram devidamente denunciadas ao Poder Judiciário. Ainda tem muita coisa para revelar. A JGR é apenas um pingo d’água neste mar de lama”, disse.
Segundo Rennan, especificamente para a campanha eleitoral de 2010, os irmãos Vital desviaram milhões dos cofres públicos. Ele explicou que a empresa JGR, à época, emitiu duas notas fiscais, sendo uma no valor de R$ 755 mil e outra de R$ 3 milhões 898 mil.
Conforme garantiu o ex-tesoureiro, Veneziano não tem como comprovar que essas obras foram executadas pela JGR. “Ele não tem condições de mostrar essas obras. Outro ponto, o proprietário da JGR, nem no Brasil se encontra mais. O dono da JGR, Gilson Gonçalves da Silva, evadiu-se ou foi obrigado a sair do país, mas a justiça haverá de chama-lo. Ele haverá, então, de dar os devidos esclarecimentos”, assegurou.
Tentativa de incriminação – Rennan explicou que os irmãos Vital do Rêgo tentaram criar um meio de incrimina-lo, acusando-o de ter tentado desviar dinheiro da PMCG para a sua conta particular. Esta ação teria sido forjada entre eles e seus auxiliares, Alex Azevedo, Alexandre Almeida e Júlio Cesar.
De acordo com Renan, este três auxiliares representavam o núcleo operacional ou articulador das irregularidades registradas na administração passada. “De fato, o ministro do Tribunal de Contas da União, Vital do Rego Filho era o cabeça pensante do esquema de corrupção e o núcleo operacional era composto por estes três auxiliares”, garantiu.
Na época, segundo Trajano, o então procurador do município, Fábio Thoma, o preveniu que estariam tentando fazer uma sindicância para incriminá-lo. Para tanto, um dos auxiliares dos irmãos Vital teria feito um depósito de R$ 110 mil em sua conta particular, mas ele solicitou ao Banco do Brasil o estorno do montante da sua conta.
O ex-tesoureiro também revelou que procurou, em novembro do ano passado, o atual procurador do Município, José Mariz, encaminhando provas e documentos, além de ter procurado o Ministério Público, sempre em busca de justiça, não pensando em atrapalhar a carreira política de quem quer que seja.
“Existem provas documentais e testemunhais. Elas foram já encaminhadas à Justiça, esperando, agora, que o Poder Judiciário apure o que tenho denunciando. Não faço isso movido por interesses políticos, quero apenas o esclarecimento dos fatos e estou pronto também para pagar também pela minha participação em quaisquer casos de corrupção no governo municipal”, acrescentou.