O jornal inglês de notícias e análises econômicas Financial Times publicou editorial em que compara o Brasil a um “filme de terror sem fim”. Intitulado “Recessão e corrupção: a podridão crescente no Brasil”, o texto defende que a incompetência, a arrogância e a corrupção são as responsáveis por uma profunda crise econômica do país.
O jornal contextualiza seus leitores ao explicar o escândalo da Petrobras, que “só agrava a podridão”, e a crescente polêmica sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Segundo o FT, as chances de Dilma ser retirada do cargo são pequenas, mas tem aumentado a cada dia, devido às condutas econômicas da presidente e ao baixo índice de aprovação ao seu governo. Combinados, eles enfraqueceram a relação do governo com seus aliados no Congresso, cujo apoio é necessário para “empurrar as medidas de austeridade pela legislatura.”
Contudo, o maior culpado é considerado o esquema de corrupção que atuou na estatal. O editorial aponta que, embora muitos acreditem que Dilma não esteja envolvida no esquema, seus aliados estão sendo acusados de terem arrecadado dinheiro para campanha presidencial com pagamentos de propina ligados ao esquema, “o que pode ser suficiente para o impeachment.”
Na visão do FT, os parlamentares ainda preferem que Dilma se mantenha no poder e tome a frente dos problemas gerados com a crise. No entanto, o apoio à presidente pode acabar com uma estratégia de defesa. “O presidente do Congresso (Eduardo Cunha) se aliou a oposição depois que foi acusado de envolvimento no esquema da Petrobras, defendendo que esse é um governo de caça as bruxas,” diz o texto.
O esquema atingiria diretamente a presidente se Lula fosse processado, de acordo com o FT. “Isso iria aprofundar ainda mais o racha com a Dilma (de Eduardo Cunha), não mais protegida, e impulsionar seu impeachment”.
É neste contexto que o editorial compara o país a um filme de terror sem fim. Após apresentar todas as interpretações negativas dos fatos que o país vem vivenciando, o FT inicia as ponderações positivas.
Para a publicação, o zelo da operação que desarticulou os esquemas da Petrobras demonstram a força das instituições democráticas do Brasil. “Em um país onde os poderosos se vêem acima da lei, Marcelo Odebrecht, presidente da maior construtora do Brasil, está preso”, comenta o editorial.
Confira a íntegra do material do Financial Times