O anúncio do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na sexta-feira, de que cortou relações com o Planalto após ser acusado de ter recebido US$ 5 milhões em propinas comprova que o recesso parlamentar de julho será tenso. Nada de férias, nada de folga na crise. Afinal, a Operação Lava-Jato promete ter novas investidas nos próximos dias, a inflação e os juros continuam em alta e o nível de desemprego acelera. À crise política, econômica e ética, soma-se uma institucional. Ao menos por ora, não existe possibilidade de paz nos corredores do poder.
“Teremos um mero recesso congressual. A crise continuará aí, viva, latente, em todos os cantos deste país”, acredita o presidente nacional do DEM, senador José Agripino Maia (RN). “Do ponto de vista prático, esse recesso não mudará nada no quadro que estamos vivendo”, acredita o parlamentar.
Nos próximos dias, o Tribunal de Contas da União (TCU) deve analisar as chamadas pedaladas fiscais da presidente Dilma Rousseff — o atraso nos repasses do Tesouro aos bancos públicos que custeiam programas sociais para garantir a obtenção da meta de superavit primário. Além disso, novos desdobramentos da Operação Lava-Jato devem culminar com a denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar os políticos envolvidos na Lava-Jato.