Aécio Neves desceu, pela primeira vez, às ruas, em Belo Horizonte, para participar de uma manifestação desde o início da temporada de protestos contra o governo Dilma Rousseff, em 15 de março. O protesto de hoje foi também a primeira vez em que o PSDB apoiou oficialmente os atos. Outro prócer do PSDB, o senador José Serra, apareceu na Avenida Paulista, em São Paulo. Lá, Serra foi aplaudido, mas também cobrado a se opor ao acordão para dar alguma estabilidade ao governo Dilma patrocinado pelo presidente do Congresso, senador Renan Calheiros. Por uma dessas ironias da política, Serra e Renan estão, no momento, numa parceria que produz afinadas tabelinhas no Senado.
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Como as manifestações foram menores do que as de março, pode-se concluir que o momento escolhido pelo principal partido da oposição para embarcar nos protestos, depois de muita hesitação sobre a postura a ser adotada em relação ao movimento das ruas, não foi o melhor. O apelo dos oposicionistas a favor dos protestos contra o governo Dilma não engrossou as manifestações. O Palácio do Planalto e o PT podem assim se regozijar com o fato de que os protestos de hoje não devem tirar o fôlego ganho pelo governo com a reaproximação com Renan. Mas, afora isso, governistas e petistas têm poucos motivos para comemorar. Embora menores, as manifestações foram mais focadas na defesa do impeachment de Dilma . Ganharam, de certa forma, um maior grau de politização e de radicalização. E o pequeno ato organizado pelos petistas no Instituto Lula mostra o quanto eles estão isolados na sociedade.
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Tudo somado, o balanço de 16 de agosto parece dar razão ao recente diagnóstico da crise feito pelo diretor do instituto Data Popular, Renato Meirelles. Segundo Meirelles, as pesquisas mostram que há muito descontentamento e raiva contra o governo Dilma, o mais impopular da história recente do Brasil. Mas, para a maior parte da sociedade, essa impopularidade ainda não se transformou em defesa do impeachment de Dilma, porque há uma grande desconfiança também em relação aos políticos oposicionistas e seus desígnios. “A população não está vendo luz no fim do túnel”, disse Meirelles. Depois do 16 de agosto, parece que continuamos caminhando para uma crise política prolongada e sem perspectiva de desfecho a curto prazo. (Época)