O clima nos mercados domésticos é muito pesado nesta segunda-feira, diante da informação de que o governo enviará a proposta do Orçamento de 2016 com um déficit primário estimado em R$ 30 bilhões. O dólar já abriu em forte alta e intensificou a valorização durante a manhã, enquanto a Bolsa tem perdas generalizadas.
Por volta das 11 horas, a moeda norte-americana subia 2,37%, cotada a R$ 3,672 – após atingir a máxima de R$ 3,683. Já o Ibovespa recuava 2,93%, aos 45.774 pontos. As ações dos bancos e da Petrobrás são os principais destaques negativos.
Essa nova perspectiva para as contas públicas, que chega juntamente com a notícia de que o Planalto desistiu de reavivar a CPMF, aumenta o risco de o Brasil perder o grau de investimento.
Além disso, é mais um revés para o plano de ajuste fiscal do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que não consegue fazer cortes mais profundos nem arrecadar mais dinheiro para os cofres públicos. E volta a expor o compasso diferente entre ele e o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, que discordam sobre o ritmo em que precisam ser feitas as reduções nos gastos obrigatórios e a reforma estrutural nas despesas do governo. Levy seria mais imediatista e Barbosa, gradualista.
Nesta segunda-feira, o Banco Central vai realizar o leilão de linha para tentar conter a pressão de alta do dólar, injetando US$ 2,4 bilhões no mercado – segundo anúncio feito na última sexta-feira. Em agosto, o dólar à vista acumula alta de mais de 6% e, no ano, de mais de 37%. A expectativa é de que a ação do BC traga algum alívio ao câmbio.
Cenário internacional. Em Wall Street, as bolsas de Nova York também abriram em baixa, em meio à retomada das preocupações com a China e após comentários do vice-presidente do Federal Reserve, Stanley Fischer, que foram considerados favoráveis à retirada de estímulos monetários. No mesmo horário, Dow Jones caia 0,75%, S&P 500 perdia 1,04% e Nasdaq recuava 0,46%.
Os temores em relação à economia chinesa voltaram após as bolsas do gigante asiático caírem novamente hoje. O jornal britânico Financial Times publicou que Pequim decidiu abandonar a estratégia de sustentar as bolsas por meio de compras de ações em larga escala e, em vez disso, irá intensificar os esforços para localizar e punir suspeitos de “desestabilizarem o mercado”. (AE)