A força-tarefa da Lava Jato informou que, por meio de sua empresa, a JD Assessoria e Consultoria, o ex-ministro José Dirceu recebeu pelo menos R$ 39 milhões, dinheiro supostamente procedente do esquema de propinas na Petrobras. Os investigadores esclareceram, contudo, que o valor deve ser superior e que ainda precisa ser fechado, até porque a JD recebia remessas em espécie – o que dificulta a contabilização.
Ainda segundo a Lava Jato, foram bloqueados até o momento R$ 20 milhões das contas de Dirceu e de pessoas próximas a ele consideradas suspeitas.Há informações de que a JD recebia “pagamentos” de praticamente todas as empreiteiras que participavam do cartel de fornecedoras da Petrobras, como Camargo Corrêa, OAS, Engevix, UTC.
Prisão preventiva
O procurador regional da República Carlos Fernando dos Santos Lima disse que o fato de Dirceu continuar recebendo propinas do esquema Petrobras, mesmo depois de condenado no processo do mensalão, justifica o decreto de prisão preventiva do ex-ministro-chefe da Casa Civil no governo Lula na 17ª fase da Lava Jato, deflagrada hoje.
“José Dirceu recebia valores desse esquema criminoso enquanto investigado no Mensalão. Recebia valores enquanto acusado no processo do Mensalão. Recebeu valores enquanto preso (na Papuda, em Brasília, já condenado no Mensalão). Seu irmão (advogado Luiz Eduardo Oliveira) foi a diversas empresas pedir pagamento de valores, doações para a empresa de José Dirceu”, declarou o procurador. Segundo ele, “a prisão, o processo do Mensalão, as investigações no âmbito do Supremo não inibiram a atuação de José Dirceu”.
“Não temos porque crer que agora, mesmo em prisão domiciliar, (Dirceu) agisse de modo diferente. Esse agir atenta contra a ordem pública, é um desrespeito com as instituições nacionais, especialmente com o próprio Supremo Tribunal Federal. Tanto é verdade esses fatos que um dos presos temporários é o irmão de José Dirceu (advogado Luiz Eduardo Oliveira). Ele vai ter que explicar porque foi às empresas pedir dinheiro enquanto José Dirceu estava preso”, afirmou o procurador.
Fernando Moura
A força-tarefa da Lava Jato constatou que o empresário Fernando Moura, também alvo da Operação Pixuleco, “é um antigo lobista e operador ligado ao PT”. “(Moura) já vem de muito tempo, desde o escândalo envolvendo o ex-tesoureiro do PT Silvinho que recebeu uma Land Rover. Através de Fernando Moura, Renato Duque chegou à Diretoria de Serviços da Petrobras. Esse esquema passa pela compra de apoio parlamentar, talvez seja o primeiro ponto. Passa por uma facilitação do núcleo das empreiteiras, pelo enriquecimento de algumas pessoas, caso de José Dirceu, enriquecimento pessoal, não mais do partido (PT)”, diz Carlos Fernando dos Santos Lima