O pedido de convocação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e de pessoas ligadas às investigações da Operação Lava Jato relativas a suspeitas do pagamento de propina em contratos de compra de navios-plataforma pela Petrobras, provocou discussão entre os deputados da CPI que investiga a empresa. Hugo Motta afirmou que não desviará o foco das investigações e descartou convocação.
A convocação de Cunha foi cobrada pelo deputado Ivan Valente (Psol-SP) em duas ocasiões durante a sessão de hoje da CPI, convocada para ouvir dois doleiros, Raul Henrique Srour e Fernando Heller.
“Isso já está enchendo o saco”, reagiu o deputado Celso Pansera (PMDB-RJ), se referindo ao pedido de Valente. “Toda sessão é a mesma cantilena”, completou. O deputado João Carlos Bacelar (PR-BA) também criticou o pedido de Valente. “Tem que ter respeito à Câmara”, disse.
Valente, na sessão de hoje, cobrou duas vezes a convocação e Cunha e de pessoas ligadas às investigações de pagamento de propina na Petrobras, como o empresário Júlio Camargo, o policial civil Jayme de Oliveira e a ex-deputada Solange Almeida.
“A CPI está blindando essas pessoas”, disse Valente. Ele cobrou também explicações do deputado André Moura (PSC-SE), um dos sub-relatores da comissão, a respeito da contratação da empresa Kroll, que custou R$ 1 milhão à Câmara.
O presidente da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), também reagiu às críticas de Valente relativas à condução das investigações. “Temos um cronograma a seguir e não é uma denúncia do Ministério Público que vai mudar nosso foco”, disse Motta.
Moura também reagiu às declarações do deputado. “Quando contratamos uma empresa não sabemos qual será a conclusão da investigação. É uma falta de respeito com os colegas. Se ele (Valente) tem vergonha dessa CPI, ele tem o direito de pedir pra sair. Se ele fica é porque quer que isso vire um palco para ele aparecer”, disse o deputado. (com Agência Câmara)