A Polícia Federal prendeu nesta segunda-feira (3/8) o ex-ministro José Dirceu e o irmão dele Luiz Eduardo. Os dois são alvo da 17ª fase da Operação Lava-Jato, apelidada de “Pixuleco”, para se referir a agentes que recebiam e pagavam propina. Dirceu foi preso preventivamente em Brasília. Luiz foi detido temporariamente em Ribeirão Preto (SP). Ainda foi preso Roberto Marques, o “Bob”, ligado ao ex-ministro e servidor da Assembleia Legislativa de São Paulo. As prisões foram decretadas pelo juiz federal Sérgio Moro, que conduz a Lava-Jato. Dirceu cumpria prisão domiciliar por condenação por corrupção ativa no processo do mensalão.
Segundo informações de fontes do Supremo Tribunal Federal (STF), ainda não houve pedido oficial para transferir Dirceu para Curitiba. Por isso, Dirceu foi levado de sua residência em Brasília para a Superintendência da PF no Distrito Federal, no Setor Policial Sul. Só quando o juiz Sérgio Moro solicitar ao relator do mensalão no STF, Luís Roberto Barroso, será possível transferir o ex-chefe da Casa Civil para Curitiba ou para o presídio da Papuda, no Distrito Federal.
Cerca de 200 policiais federais cumprem 40 mandados judiciais, sendo 26 mandados de busca e apreensão, três mandados de prisão preventiva, cinco mandados de prisão temporária e seis mandados de condução coercitiva, em Brasília e nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro.
O lobista Milton Pascowitch, que pagou R$ 1,4 milhão para a consultoria de Dirceu, a JD Assessoria, afirmou em delação premiada que uma parte desses valores se referia a propina por negócios na Petrobras.
Dirceu tem dito que todo o dinheiro recebido de empreiteiras investigadas na Lava-Jato não tinha a ver com contratos da petroleira, mas com consultorias no exterior. Porém, nem Dirceu e nem as construtoras exibiram documentos, fotos e relatórios para comprovar a prestação dos serviços.
Além de Dirceu, Luiz Eduardo e Roberto Marques, foram presos também o lobista Fernando de Moura, Olavo de Moura e Pablo Kipersmit.
Habeas corpus
O advogado de Dirceu, Roberto Podval, ajuizou um habeas corpus preventivo para evitar a prisão de seu cliente. Mas ele foi negado duas vezes pelo Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região. Ele afirmou ao Correio hoje pela manhã que não comentaria a prisão do ex-ministro. “Eu ainda preciso ver as razões da prisão”, disse Podval.
Em entrevista em junho, o delegado regional de Combate ao Crime Organizado da PF no Paraná, Igor Romário de Paula, disse ao jornal que não havia motivos para prender Dirceu. Mas depois da delação de Pascowith, acusando o ex-ministro de receber propina, a PF não comentou mais uma futura prisão.
Pascowith era lobista da empreiteira Engevix, que também fez pagamentos a José Dirceu. O dono da construtora, Gérson Almada, afirmou que não se tratava de propina, mas apenas serviço de lobby no exterior. Em depoimento em 17 de março à 13ª Vara Federa de Curitiba, o empreiteiro disse que Pascowitch, que trabalhava para o estaleiro ERG, vinculado à empreiteira, recomendava uma aproximação com o PT por meio de doações eleitorais.
“O Milton veio falar: ‘Olha, Gérson, acho que você precisa manter um relacionamento com o partido, você precisa manter um relacionamento com um partido, você precisa manter um relacionamento com o cliente e eu me proponho a fazer isso”, declarou Almada, que hoje cumpre prisão domiciliar em São Paulo