A Procuradoria-Geral da República (PGR) deve denunciar, entre esta quarta-feira (19) e esta quinta (20), o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o ex-presidente e senador Fernando Collor (PTB-AL) por envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras. A informação foi confirmada à Agência Estado por fonte com acesso às investigações.
O deputado disse, na tarde desta quarta-feira, que “não vai comentar absolutamente”, pelo menos por enquanto. Esse posicionamento foi apresentado por Cunha ao deixar restaurante da Câmara onde foi oferecido almoço a integrantes do Parlamento Latino-americano (Parlatino), que tem reuniões em Brasília hoje e amanhã.
“Não vou comentar absolutamente nada. Quando tiver fato, eu comento o fato”, limitou-se a dizer. Cunha recebeu a notícia por meio do sistema de mensagens em seu telefone celular. Ele, então, fez uma pequena pausa para mostrar o conteúdo à sua assessora direta, que o acompanhava, e perguntou se ela já havia lido a informação.
Logo depois de ler a mensagem, Cunha seguiu tranquilamente rumo a uma mesa no fundo do salão, onde sentou-se ao lado da senadora mexicana Blanca María Alcalá, presidente do Parlatino. Fez um pronunciamento breve e trocou presentes protocolares com a mexicana. Depois do almoço, o presidente continuou conversando com a parlamentar e foi interrompido apenas uma vez pelos cumprimentos dos deputados Rubens Bueno (PPS-PR) e Raul Jungmann (PPS-PE).
As denúncias, por corrupção e lavagem de dinheiro, serão as primeiras envolvendo políticos com prerrogativa de foro. Elas são baseadas em depoimentos de delatores da Operação Lava Jato e em provas colhidas pelo Ministério Público Federal em diversas fases da investigação, entre elas as buscas em imóveis de Collor na chamada Operação Politeia, em julho.
O senador do PTB é suspeito de receber R$ 26 milhões em propinas entre 2010 e 2014, desviados da estatal petrolífera. Esses recursos teriam sido usados para a compra de carros de luxo, apreendidos no mês passado pela Polícia Federal.
Cunha foi citado por um dos delatores da Lava Jato, o empresário Júlio Camargo, como beneficiário de suborno de US$ 5 milhões. O valor teria sido pago para facilitar a assinatura de contratos de afretamento de navios-sonda entre a Samsung e a Diretoria Internacional da estatal, controlada pelo PMDB.
Tanto Cunha quanto Collor negam participação em desvios e se dizem vítimas de perseguição do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.