A Polícia Federal vai indiciar nesta terça-feira, 1, o ex-ministro José Dirceu por envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras revelado pela Operação Lava Jato. Condenado no processo do mensalão, pelo qual cumpria prisão domiciliar, o ex-chefe da Casa Civil do governo Lula será indiciado por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Além de apontar o recebimento de propinas por meio de falsas consultorias prestadas a empresas com contratos com a Petrobras, por meio de sua empresa, a JD Assessoria e Consultoria, o indiciamento de Dirceu estende as frentes de investigação da Lava Jato para outros setores, como o caso do contrato da Consist Software, no âmbito do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, a partir de 2010.
Ontem, Dirceu foi um dos cinco investigados que estão presos em Curitiba convocados a depor na CPI da Petrobras. Por orientação de seus defensores, todos optaram por não responder às perguntas dos parlamentares. O ex-ministro está preso preventivamente na capital paranaense – sede das investigações da Lava Jato – desde 3 de agosto.
Denúncia
O indiciamento pelo delegado da PF Márcio Adriano Anselmo serve como base para o Ministério Público Federal apresentar ainda esta semana denúncia contra Dirceu, que é considerado pela força-tarefa da Lava Jato um dos líderes dentro do núcleo político do esquema envolvendo a estatal.
O advogado Roberto Podval disse que não o surpreende o indiciamento de José Dirceu pela PF.
“O indiciamento é natural, surpreenderia se fosse o contrário. Ele está preso há praticamente um mês, não teria o menor sentido a Polícia Federal entender a essa altura que não há indícios de crime.” Para Podval, “o próprio pedido de prisão preventiva já é uma declaração de que, para os olhos da Polícia, há indícios”.
O advogado destaca que mantém a linha de defesa com relação aos crimes imputados a Dirceu. “Não há qualquer ato ilícito da parte dele, não recebeu propinas em momento algum. Pela JD Assessoria e Consultoria efetivamente prestou serviços às empresas que o contrataram.”
CPI
Primeiro a ser levado à mesa diante dos deputados da CPI que investiga o esquema de propinas na Petrobras, o ex-chefe da Casa Civil repetiu a cada pergunta que permaneceria calado, por orientação de seu advogado, o criminalista Roberto Podval.
“Não tivemos acesso a todos os documentos, nem à colaboração de Ricardo Pessoa (empreiteiro delator). Entreguei uma petição explicando os motivos de (Dirceu) não responder às perguntas. O delegado nem fez perguntas diante disso. Durou cinco minutos”, explicou o advogado.
O segundo convocado foi o lobista João Augusto Bernardi Filho, que era representante de uma multinacional italiana e mantinha vínculos com a empreiteira Odebrecht. Na sequência, foi chamado o presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques Azevedo.
Depois, o ex-diretor de Internacional da Petrobras Jorge Zelada foi questionado pelos membros da CPI. O interrogatório do executivo Elton Negrão de Azevedo foi o último da lista.