O vereador Raoni Mendes (PDT) denunciou o serviço precário e improvisado na realização de cirurgias ortopédicas no Ortotrauma (Trauminha) de Mangabeira. Em seu pronunciamento, na sessão ordinária desta quarta-feira (9), na Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP), o parlamentar disse que faltam fixadores para os procedimentos e solicitou a presença da secretária de Saúde, Mônica Rocha, à Casa, cumprindo Lei que pede a prestação de contas quadrimestralmente.
Raoni compartilhou o depoimento de um médico ortopedista do hospital, que enviou mensagens e fotos de um paciente com fratura exposta na perna atendido pelo profissional:
“O Trauminha precisa ser fechado. O paciente chegou às 3h32, foi examinado e teve a cirurgia indicada. Ela deveria ser feita com um fixador externo, mas no hospital, que deveria ter de 30 a 40 aparelhos, não avia nenhum. Tive que fazer uma gambiarra com fios cruzados em X na fratura para estabilizar minimamente os ossos quebrados. Esta seria uma cirurgia aceitável numa guerra, situação em que faltam insumos”, revelou Raoni as palavras do médico.
Médico faz BO por falta de aparelho em cirurgia
O parlamentar disse que o profissional ainda foi ao Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB) notificar a falta de condições de trabalho. Além disso, o médico ainda foi à delegacia fazer um Boletim de Ocorrência (BO) para constar que a culpa não foi dele, caso o paciente apresente sequelas, hipótese em que o médico acredita que pode acontecer.
“Num hospital que se diz referência em traumatologia é um absurdo não haver nenhum fixador para fraturas expostas. Fico estarrecido em trazer fatos de retrocesso da Saúde. Culpo também a gestão do PT. Para onde está indo a Saúde? O Trauminha não consegue ter um fixador, então para onde vai o dinheiro do Município?”, indagou.
R$ 600 milhões para a Saúde e hospitais não recebem verba
O vereador também questionou onde estão empregados os recursos advindos do Sistema Único de Saúde (SUS) para João Pessoa. “A verba de R$ 600 milhões não está sendo aplicada corretamente. Os Hospitais Padre Zé e Napoleão Laureano só recebem com 60 ou 90 dias de atraso. Já o Monte Sinai e o Dom Rodrigo não recebem”, afirmou Raoni.
Vereador cobra presença da SMS na Câmara
“Além disso, a secretária de Saúde veio à CMJP prestar contas referentes ao período de novembro de 2014 a fevereiro de 2015. Ela precisa vir em função de outro período”, relatou Raoni, em referência ao quadrimestre de março a junho deste ano.
Apartes: má gestão deixa Saúde na UTI
De acordo com o Raoni, uma pactuação fixou que as cirurgias feitas do joelho para a mão ou do joelho para o pé devem ser encaminhadas para o Trauminha. Já as demais, para o Trauma. Bruno Farias (PPS) e Renato Martins (PSB) concordaram com pedetista.
“A pactuação não está funcionando. Um amigo meu esperou dois meses para uma cirurgia no punho. O Município recebe o dinheiro referente a cada cirurgia que ocorre. O valor entra na conta da Prefeitura. Porém, a Saúde da Capital está na UTI. Há sim uma má gestão e ela consegue piorar o que já está ruim, com um serviço precário e improvisado”, defendeu Renato.
Apartes II: Prefeitura não receberia recursos dos procedimentos
Os vereadores Marco Antônio (PPS) e Benilton Lucena (PT) foram contra o discurso de Raoni. “Não há repasses para a Prefeitura em função das cirurgias. Os recursos da União deveriam vir para o Estado e este passar para o Município, mas isso não acontece”, garantiu Marco.
Ele enfatizou que a próxima audiência em que a secretária de Saúde comparecerá à CMJP está marcada para 29 de setembro, às 15h.
“O Trauminha não pode ser fechado, como defendeu o médico. Assim, haveria um problema social maior. A unidade atende mais de 300 pessoas por dia, e mais de 60 na ortopedia por causa dos acidentes de moto”, disse o petista.