Deputados da CPI da Petrobras pedem a prorrogação do prazo de funcionamento da comissão, previsto para acabar no dia 23 de outubro.
O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) anunciou que vai apresentar um requerimento pedindo a prorrogação do prazo da CPI por 120 dias – até março de 2016.
Onyx argumenta que a CPI cumpre o papel fundamental de mostrar à população os desvios na Petrobras. E avisa que a liderança do DEM vai pedir a votação nominal do requerimento em Plenário.
“Assim vamos ver quem é a favor de investigar e quem quer sepultar as investigações”, declarou.
O relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), discordou da posição. “Considero que a expressão sepultar as investigações não é feliz. Acabar ou não a CPI vai interferir muito pouco nas investigações que correm no Paraná. No que se refere à Petrobras, precisamos ser propositivos. Nosso desafio é apontar futuros dessa empresa, mesmo porque os desvios já estão sob ação da polícia e da Justiça”, disse.
O deputado Altineu Côrtes (PR-RJ) concorda com a prorrogação dos trabalhos. “Essa é a CPI mais importante da história do país”, afirmou.
O deputado Ivan Valente (Psol-SP) também defendeu a prorrogação dos trabalhos e cobrou a convocação de outros depoentes, como o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, acusado por delatores da Operação Lava Jato de ter recebido propina de empresas contratadas pela Petrobras – acusação que ele nega.
“O presidente da Câmara, quando teve o nome envolvido no caso, compareceu à CPI espontaneamente e disse que ficaria à disposição da comissão sempre que fosse preciso. Eu apresentei um requerimento pedindo a convocação dele e a de outras pessoas envolvidas no caso, como o empresário Júlio Camargo e o policial Jayme de Oliveira. E a CPI não vota os requerimentos”, disse Valente.
Júlio Camargo, um dos delatores da Operação Lava, disse ter repassado 5 milhões de dólares ao presidente da Câmara em troca de contratos da Petrobras com empresas fornecedoras de navios-plataforma.
Eduardo Cunha afirma ser inocente e ressalta não ter cometido nenhuma irregularidade. O presidente argumenta que o delator Júlio Camargo, que não havia citado o seu nome em depoimentos anteriores, foi pressionado pelo procurador-geral da República a mudar de versão para prejudicá-lo. Cunha diz que foi “escolhido” para ser investigado como parte de uma tentativa do governo de calar e retaliar a sua atuação política.
O deputado Hugo Motta (PMDB-PB), presidente da CPI, respondeu às cobranças de prorrogação do prazo da comissão.
“Essa prorrogação não depende de mim, mas do Plenário. Eu não posso ser irresponsável e colocar em votação convocações de pessoas que podemos não ter tempo de convocar. Eu tenho que trabalhar com o prazo de 23 de outubro. Se o Plenário prorrogar, podemos repensar a agenda”, explicou.