A presidente Dilma Rousseff disse neste domingo (18) que “lamenta que seja um brasileiro” ao comentar as provas de contas na Suíça contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Questionada durante entrevista em Estolcomo, na Suécia, sobre as denúncias contra Cunha causam constrangimento ao Brasil no exterior, a presidente respondeu: “Seria estranho se causassem. Ele (Cunha) não integra meu governo, eu lamento que seja um brasileiro” disse.
Dilma ainda negou que esteja negociando acordo com Cunha para salvá-lo de uma cassação de mandato em troca de ele travar a abertura de um processo de impeachment contra ela. “Eu acho fantástica essa conversa de que o governo está fazendo acordo com quem quer seja. Até porque o acordo do Eduardo Cunha não era com o governo, era com a oposição, era público e notório, até na nota (feita pela oposição pedindo afastamento de Cunha do cargo) isso aparece”, disse. “Acho estranho atribuir ao governo acordo com presidente de Poder que não seja para passar coisa relativa a CPMF, DRU”, afirmou.
Para a presidente, o episódio contra o presidente da Câmara não prejudica a imagem do Brasil. “Não diria isso. Acho que se distingue perfeitamente no mundo o país de qualquer um de seus integrantes. Nenhum país pode ser julgado por ser isso ou por aquilo, nem o Brasil, e não se julga assim” afirmou.
Ela ainda tentou minimizar a celebração das recentes liminares do Supremo Tribunal federal (STF) que frearam a interpretação de Cunha e da oposição que poderia acelerar a abertura da ação de seu impeachment. “A decisão do STF diz respeito ao Judiciário e atendeu a um pleito de um deputado, não tem nada a ver com o governo diretamente, tem a ver com um procedimento do Legislativo”, disse.
A presidente chegou a Estocolmo neste sábado (17) para dois dias de encontros com autoridades locais e empresários, incluindo uma visita à fábrica da Saab, de quem o governo brasileiro comprou 36 caças Gripen NG por US$ 5,4 bilhões. Ela está acompanhada dos ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Aldo Rebelo (Defesa), Armando Monteiro Neto (Desenvolvimento, Indústria e Comércio), e Celso Pansera (Ciência e Tecnologia), este último ligado a Eduardo Cunha. O secretário de Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, também está presente.
Da Suécia, Dilma parte na noite de segunda (19) para Helsinki, Finlândia, para compromissos com o governo local na terça-feira (20), chegando ao Brasil no dia seguinte.
Demonstrando impaciência, a presidente ainda voltou a criticar as “especulações” em torno dos rumores da eventual saída do ministro Joaquim Levy. “As pessoas que estão no meu ministério hoje, eu espero que vão até o final do meu mandato. É essa a visão geral”, argumentou. “O resto é tentativa errada de especulação, porque cria instabilidade, cria tumulto.”
Folha