O empresário Felipe Diniz, filho do falecido ex-deputado Fernando Diniz, negou em depoimento à Procuradoria-Geral da República ter indicado ao lobista João Augusto Henriques a conta do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, na Suíça para que fossem realizados depósitos ao peemedebista. Henriques repassou 1,3 milhão de francos suíços, mais de R$ 5 milhões, em 2011 a uma das contas de Cunha e disse que a indicação lhe foi feita por Felipe Diniz. O presidente da Câmara afirmou em entrevista ao GLOBO que tinha dado o número da conta para Fernando Diniz quando lhe fez um empréstimo, mas que nunca cobrou o filho após o falecimento do pai, em 2009.
O conteúdo do depoimento de Felipe foi revelado pelo site do jornal Folha de São Paulo e confirmado ao GLOBO pelo advogado dele, Cleber Lopes. Ele negou ter indicado a conta e disse nem saber que o pai tinha uma dívida com Cunha.
– Ele (Felipe) não indicou nenhuma conta. Ele diz que não tinha conhecimento se o pai tinha algum negócio com o Eduardo que pudesse render algum crédito para o Eduardo. Ele disse, inclusive, que não tinha esse tipo de conversa com o pai. O pai era um mineiro por excelência, recatado, e ele não tinha esse tipo de conversa. Ele não pode dizer se tinha ou não tinha qualquer débito. Ele não tinha conhecimento e, consequentemente, não indicou nenhuma conta para que fosse feito qualquer pagamento – afirmou Lopes.
O depoimento foi realizado no dia 20 de outubro na Procuradoria-Geral da República, em Brasília. A oitiva faz parte do inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga supostos crimes que possam ter sido praticado por Cunha, sua mulher, Cláudia Cruz, e uma de suas filhas, Daniella, nas contas secretas que tinham na Suíça.
Cleber Lopes afirmou que o cliente negou também afirmações feitas por Henriques em 2013 de que teria lhe dado malas com dinheiro para carregar. Segundo Lopes, Felipe “não tem nada a ver com essa atividade clandestina” e tem vocação empresarial.
Em entrevista ao GLOBO, o presidente da Câmara afirmou que já tinha lido o depoimento de Felipe. Cunha tratou como “suposição” que o repasse de Henriques para uma das contas das quais era beneficiário fosse a quitação do empréstimo ao ex-deputado. Disse que esteve algumas vezes com Felipe após o falecimento do pai, mas negou ter cobrado o empréstimo. Cunha ressalta que o dinheiro “não foi reconhecido pela trust” e não houve movimentação. Ressalta que no extrato da conta da empresa não havia o registro da origem do dinheiro.
O Globo