Motivado pelo impeachment, o ninho tucano está cada vez mais dividido e enfraquecido. Existe a ala que quer e outra que não acredita que seja possível que a presidente Dilma Roussef (PT) deixe o cargo. O blog do Josias traz nesta quinta-feira (24) uma reflexão sobre o assunto e um dos pontos negativos do PSDB é a sua liderança, feita pelo senador paraibano Cássio Cunha Lima (PSDB), na qual o jornalista acredita que há muita insatisfação com esse líder no comando.
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PSDB volta a se dividir diante do impeachment
Josias de Souza
Durou menos de 15 dias a suposta unificação do discurso do PSDB a favor do impeachment de Dilma Rousseff. Reunidos em Brasília no dia 10 de dezembro, os seis governadores tucanos, FHC, Aécio Neves e os líderes da legenda no Congresso haviam anunciado a superação das divergências internas sobre o tema. Era lorota. No momento, os tucanos não são unânimes nem sozinhos.
As fissuras foram reabertas pelo STF, ao fixar um rito processual para o impeachment com regras que favoreceram Dilma Rousseff. O pedaço do PSDB mais próximo de Aécio Neves voltou a apostar na estratégia que prevê a anulação do mandato de Dilma pelo Tribunal Superior Eleitoral. Nesse caso, a lâmina alcançaria também o mandato do vice Michel Temer. E seria convocada nova eleição presidencial, da qual Aécio participaria.
O PSDB da Câmara avalia, porém, que é preciso esgotar as tentativas de obter o impedimento de Dilma pelo Congresso. Hipótese que levaria Temer a assumir a cadeira de presidente, para concluir o mandato. Além da grossa maioria dos 54 deputados federais tucanos, engancha-se nessa corrente o senador José Serra, candidato não declarado a ministro de um eventual governo Temer.
Espécie de porta-voz da ala que se volta para o TSE, o líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima, diz que é preciso reconhecer que as regras estabelecidas pelo STF mudaram o jogo. Ele realça que o próprio PMDB dividiu-se: “Michel Temer perdeu força. Ganhou um protagonismo maior Renan Calheiros [presidente do Senado], que está alinhado com a Dilma.” Além disso, diz Cássio, o povo “não se mostrou muito entusiasmado para ir às ruas com o propósito de derrubar a Dilma e colocar o Michel no lugar dela.”
Em privado, os deputados do PSDB irritam-se com a formulação de Cunha Lima. Alegam que, com ou sem impeachment, o partido precisa levar até o fim o processo deflagrado na Câmara. Sob pena de desmoralizar-se. “A posiçao da bancada da Câmara é clara: com impeachment ou sem impeachment, vamos mostrar para a sociedade que os deputados do PSDB fizeram o possível”, disse ao blog um expoente da bancada tucana.
A mesma posição é defendida pelos aliados do PSDB. “Sem excluir a agenda do TSE, nossa prioridade zero continua sendo o processo de impeachment aberto na Câmara”, disse o deputado Mendonça Filho, líder do DEM, “até porque nossa luta para afastar a presidente nunca foi travada por conveniência, mas pela crença de que ela cometeu crime de responsabilidade. Assim, enquanto não for esgotato o processo de impeachment, não cabe desviar as atenções.”
À distância, o governador tucano de São Paulo, Geraldo Alckmin, observa a conflagração brasiliense com uma ponta de satisfação. A julgar pelo que afirmam seus aliados, Alckmin torce para que Dilma permaneça no Planalto como uma presidente homorrágica até 2018, quando ele estará livre para disputar a vaga de candidato do PSDB à Presidência da República.
No Planalto, a discórdia que tumultua a oposição é vista como evidência de que o STF e o gradativo esfriamento do asfalto transformaram a energia que movia a caravana do impeachment em fumaça.
Foto:Geraldo Magela/Agência Senado Redação com Blog do Josias- UOL