Uma das obras mais emblemáticas do governo petista, a transposição do Rio São Francisco entrou na mira das investigações da Polícia Federal. A obra, que tinha previsão inicial de ficar pronta em 2012, se arrastou ao longo dos anos. Entre 2005 e 2015, R$ 9,5 bilhões foram aplicados.
Os dados levantados pelo Contas Abertas são constantes, ou seja, foram atualizados pelo IPCA. O montante investido na transposição do Rio São Francisco representa 65% dos R$ 14,7 bilhões previstos para o período.
Só até novembro deste neste ano, R$ 1,6 bilhão foi desembolsado para a iniciativa, o maior montante da série histórica. A maior parcela dos recursos foi destinada à integração do Rio São Francisco com as bacias dos rios Jaguaribe, Piranhas-Açu e Apodi, no eixo norte da obras: R$ 1,1 bilhão. Em 2014, o valor alcançou R$ 1,4 bilhão durante o ano, cifra maior do que os R$ 1,1 bilhão do ano anterior. Em 2012 e 2011, foram pagos R$ 862,3 milhões e R$ 822,5 milhões, respectivamente. Na última sexta-feira (11), a Polícia Federal (PF) deflagrou, a operação Vidas Secas – Sinhá Vitória, para prender suspeitos de participar de um esquema de superfaturamento das obras para a transposição do Rio São Francisco.
Segundo as investigações, empresários do consórcio OAS/Galvão/Barbosa Melo/Coesa usaram empresas de fachada para desviar cerca de R$ 200 milhões das verbas públicas destinadas às obras, no trecho que vai do agreste de Pernambuco à Paraíba. O consórcio cuidava de dois dos 14 lotes envolvidos na transposição do rio. Os contratos investigados até o momento são de R$ 680 milhões. Ainda de acordo com a PF, algumas empresas ligadas à organização estariam em nome do doleiro Alberto Youssef e do lobista Adir Assad, investigados na Operação Lava Jato.
A transposição do Rio São Francisco é debatida desde o Império. Em 2003 o tema voltou a ser objeto de estudos por proposta do então ministro da Pasta, Ciro Gomes, acolhida à época pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A obra foi incluída como um dos principais empreendimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em 2007.
O projeto tem o objetivo de garantir o abastecimento de água para 390 municípios dos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte, beneficiando aproximadamente 12 milhões de pessoas. A obra começou em 2006, quando tinha orçamento de R$ 4,5 bilhões. Devido aos atrasos, a obra teve o custo praticamente dobrado. Segundo o Ministério da Integração Nacional, a demora na entrega dos trechos acontece devido à burocracia na escolha das empresas e à adaptação dos projetos iniciais.
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