Até tucanos têm sido cautelosos ao comentar a tentativa de afastamento da presidente. É no Nordeste que a petista conta com mais apoio.
A maioria dos governadores é contra o pedido de abertura de processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) iniciado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-ES), na última quarta-feira (2).
Segundo levantamento feito pelo jornal Folha de S. Paulo, 15 dos 27 governadores, incluindo o da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), são contrários à abertura do processo e nove preferem não se manifestar com clareza. Pedro Taques (PSDB), de Mato Grosso, é a favor, e os governadores de Rondônia e Roraima não responderam.
Com o objetivo de ampliar sua base de apoio, Dilma deve convidar os governadores para encontros em Brasília a partir desta semana. A petista já havia ensaiado uma aproximação com governadores em setembro, quando procurava apoio para a recriação da CPMF.
É no Nordeste que Dilma conta com mais apoio. Oito dos nove chefes do Executivo da região assinaram uma carta na quinta (3) em repúdio à abertura do processo. O Nordeste foi a maior base de Dilma tanto nas eleições de 2010 quanto em 2014. “Vamos criar uma mobilização que abranja lideranças políticas e também entidades da sociedade para proteger o que construímos”, afirmou o maranhense Flávio Dino (PC do B), um dos signatários.
Por enquanto, até mesmo governadores tucanos preferem manter distanciamento da crise em Brasília. Beto Richa (PSDB), do Paraná, disse que, hoje, “ninguém é a favor ou tem o prazer de defender o afastamento” de Dilma. “Até porque somos democráticos e respeitamos os resultados das urnas.” Reinaldo Azambuja (PSDB), do Mato Grosso do Sul, diz que aguardará encontro com colegas de partido para abordar o assunto publicamente.
Embora cauteloso, o paulista Geraldo Alckmin (PSDB) tem subido o tom com relação ao afastamento da presidente. O tucano tem ressaltado que é preciso seguir o rito legal, mas salienta que “impeachment não é golpe”. O governador tem ponderado que, uma vez deflagrado, o desfecho de um pedido de afastamento é imprevisível.
Em conversa recente, ele rememorou o processo que resultou na queda do ex-presidente Fernando Collor -na época, Alckmin era deputado federal. Contou que, às vésperas do início da tramitação do pedido de impeachment, Collor patrocinou um encontro com centenas de parlamentares, para demonstrar força. “Trinta dias depois ele caiu”.
Aos aliados no Congresso, o governador de São Paulo tem reclamado da postura do senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do partido, rival interno do paulista na corrida pela candidatura ao Planalto em 2018 e defensor do impeachment. Alckmin manifesta irritação com o fato de que Aécio não consulta correligionários antes de se posicionar.