O portal de notícias do grupo Bandeirantes de Comunicação publicou matéria, nesta terça, sobre os deputados que votaram a favor do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, na sessão do Conselho de Ética. A matéria denuncia que todos eles estão envolvidos em escândalos com a Justiça.
Os deputados paraibanos Manoel Junior e Wellington Roberto foram citados. Manoel Junior teve o caso de suposto assassinado de vereador incluído nas acusações.
Já Wellington Roberto teve o nome associado ao escândalos das Sanguessugas.
Confira texto:
Deputados a favor de Cunha têm “culpa no cartório”
Em votação acirrada, o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados deu, nesta terça-feira (15), sinal verde para a continuação da investigação contra o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que é suspeito de quebra de decoro parlamentar por ter mentido sobre a existência de contas bancárias no exterior.
O placar final foi de 11 votos contra 9. Os que votaram pela continuidade do processo foram os deputados Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), Fausto Pinato (PRB-SP), Júlio Delgado (PSB-MG), Leo de Brito (PT-AC), Marcos Rogério (PDT-RO), Nelson Marchezan (PSDB-RS), Paulo Azi (DEM-BA), Sandro Alex (PPS-PR), Valmir Prascidelli (PT-SP), Zé Geraldo (PT-PA) e Valdir Rossoni (PSDB-PR).
Já os que votaram contra a continuidade do processo foram os seguintes parlamentares: Cacá Leão (PP-BA), Erivelton Santana (PSC-BA), Paulinho da Força (SD-SP), Ricardo Parros (PP-PR), Vinicius Gurgel (PR-BA), Washington Reis (PMDB-RJ), Wellington Roberto (PR-PB), João Bacelar (PR-BA) e Manoel Júnior (PMDB-PB).
É curioso notar que parte desses deputados é ou já foi alvo de alguma acusação.
Ficha dos que votaram a favor de Cunha
Este ano, por exemplo, Paulinho da Força foi denunciado pelo Ministério Público Federal de ser beneficiário de um esquema corrupto que desviou recursos do BNDES. A Procuradoria-Geral da República pediu sua condenação por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
Manoel Júnior, que tentou por diversas vezes paralisar o andamento do processo de cassação contra Cunha, teve seu nome associado ao assassinato de um vereador no município paraibano de Pedras de Fogo. Testemunhas disseram que Manoel teria desembolsado R$ 40 mil para encomendar a morte do político.
Ex-prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis responde por ação penal e civil por improbidade administrativa por danos ambientais no entorno da Reserva do Tinguá, declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco.
Cacá Leão é filho de João Leão (PP-BA), vice-governador da Bahia. João é alvo da Operação Lava Jato, acusado de receber recursos da Petrobras, segundo delação premiada do doleiro Alberto Youssef.
Já Wellington Roberto teve seu nome associado ao Escândalo dos Sanguessugas, esquema no qual teria recebido 10% de comissão por emenda que beneficiasse licitações fraudulentas dentro do esquema. A investigação corre em segredo de Justiça no STF devido ao foro privilegiado do parlamentar.
Erivelton Santana foi um dos 15 parlamentares acusados de participar do Escândalo do Cotão, esquema em que a verba indenizatória da Câmara Federal, a Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (CEAP), era usada de forma ilegal.
João Bacelar, por sua vez, foi acusado de nepotismo cruzado ao empregar em seu gabinete mãe e irmã do deputado Nelson Leal (PTB-BA). Em troca, Leal ofereceu trabalho para a mãe e para um tio de Bacelar.
Com seu nome ligado a um esquema de fraude de licitações na Prefeitura de Maringá, Ricardo Barros renunciou seu cargo de Secretário da Indústria e Comércio pelo Estado do Paraná. Na ocasião, Ricardo negou qualquer irregularidade.
Vinícius Gurgel (PR-AP) já foi citado em um esquema de compra de votos e abuso de poder relacionado ao governador do Amapá Waldez Góes (PDT) nas eleições de 2014.
Ficha dos que votaram contra Cunha
Dos 11 que votaram a favor da continuidade do processo de cassação de Eduardo Cunha, a situação não é tão alarmante, mas também não é das melhores.
O mais grave deles é o do deputado Valdir Rossoni. Ele foi acusado de praticar caixa 2, ou seja, movimentar recursos financeiros não contabilizados e não declarados aos órgãos de fiscalização do país, em sua campanha de 2010. O processo foi arquivado no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná com quatro magistrados alegando que o gasto não comprovado, pouco mais de R$ 580 mil, “era muito pequeno”.
Fausto Pinato, que chegou a ser relator do processo de cassação de Cunha, responde a um processo no STF por falso testemunho e denunciação caluniosa.
Júlio Delgado já foi acusado de crime eleitoral. Em época de campanha, seu site para reeleição da Câmara veiculava propaganda no dia de votação, prática proibida pela lei eleitoral.
Já o deputado federal Nelson Marchezan foi denunciado por injúria e difamação por ter agredido verbalmente um promotor de Justiça e um juiz do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul durante um comício em 2013.
Paulo Azi teve seu nome envolvido em uma denúncia de nepotismo cruzado. Seu irmão, Ricardo Azi, foi nomeado para o gabinete líder da oposição na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), Sandro Régis (DEM).
Por fim, Sandro Alex já foi acusado de discriminação contra o presidente da Câmara Municipal de Ponta Grossa, Aliel Machado (PC do B).
Todos os parlamentares citados, vale destacar, participaram de uma sessão no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados.