O cirurgião plástico Wagner de Moraes, que fez um procedimento estético na modelo Raquel Pontes dos Santos, de 28 anos, horas antes da morte da jovem, na segunda-feira, será chamado para depor na 79ª DP (Jurujuba), que está responsável pelas investigações. De acordo com o delegado-titular, Mario Lamblet, também serão ouvidas as duas enfermeiras da clínica de estética, os médicos que a atenderam no Hospital Icaraí – para onde foi transferida após complicações -, e o viúvo, Gilberto Azevedo, de 33 anos. O delegado informou ainda que vai verificar se existem outras denúncias e investigações referentes à clínica do cirurgião.
Raquel, que era finalista do concurso Musa do Brasil, morreu na noite de segunda-feira, após se submeter a um procedimento estético na clínica de Wagner, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio. Ela será enterrada às 17h desta quarta no Cemitério Parque da Paz, em São Gonçalo, também na Região Metropolitana.
De acordo com o viúvo, ela começou a sentir falta de ar após a intervenção, quando estava de repouso numa sala da clínica. As enfermeiras teriam dito que os sintomas eram normais mas, ao ver o problema se agravar, o cirurgião orientou que a paciente fosse levada para o Hospital Icaraí.
O atestado de óbito de Raquel é assinado por Wagner de Moraes, e indica que a causa da morte é “desconhecida, devido ou como consequência de intoxicação exógena e aplicação imprópria de medicamentos de uso animal” – ela usava anabolizantes para animais nas pernas. Agora, a Polícia Civil quer entender por que a declaração, assinada pelo dono da clínica particular, tem o carimbo do Hospital municipal Carlos Tortelly.
A declaração de óbito da modelo foi assinada por cirurgião plástico. Foto: Ricardo RigelCirurgião: ‘Paciente mentiu’
O cirurgião plástico Wagner Alberto de Moraes diz não temer as investigações. O médico afirma que será beneficiado pelos resultados dos exames da necrópsia.
— As autoridades vão entender que (a morte) não foi por conta da aplicação do produto que eu fiz no rosto dela, que é um produto de uso dermatológico e muito usado, que não depende de risco cirúrgico, apenas é feito um teste na pele — afirma.
De acordo com Wagner, a paciente mentiu ao preencher um questionário médico em sua clínica que perguntava sobre o uso de medicamentos e sobre o histórico de cirurgias.
— Só depois eu descobri que a paciente utilizava estimulante para cavalo e fumava um cigarro atrás do outro. Além disso, ela havia me procurado anteriormente para fazer um preenchimento nas nádegas e eu me neguei a fazer, então ela procurou outra clínica para fazer o procedimento, o que eu também só fiquei sabendo depois da morte — diz Wagner, acrescentando que o marido de Raquel já estava procurando um psiquiatra para a jovem por causa de sua ansiedade pela busca do corpo perfeito.
Com relação à declaração de óbito, Wagner informou que, quando a morte da paciente foi constatada, no Hospital Icaraí, os médicos da unidade se negaram a dar o atestado de óbito.
— Com sou de Niterói, fui à prefeitura e solicitei um documento para que pudesse emitir o atestado de óbito. Eu mesmo o fiz porque a família tinha pressa de enterrá-la — diz ele.
O delegado Mário Lamblet, titular da 79ª DP (Jurujuba), está responsável pelo caso. Foto: Fabio GuimaraesNecrópsia inconclusiva
De acordo com o delegado, foi concluída a necrópsia no corpo da modelo, e os parentes são aguardados para a liberação do corpo. O resultado, no entanto, não esclarece as causas da morte. Por isso, o material genético da jovem foi colhido para que sejam realizados outros exames.
Raquel chegou a ser velada, durante a manhã e o início da tarde de terça-feira, no Cemitério Parque da Paz, onde seu sepultamento estava marcado para as 16h. O enterro foi interrompido por ordem da delegada Maria Carolina, sob a alegação de dúvida no atestado de óbito e laudo cadavérico.
Entenda o caso
A moradora de Niterói, que era uma das finalistas do concurso Musa do Brasil, começou a sentir falta de ar após ser atendida na clínica estética do cirurgião Wagner Moraes, no bairro São Francisco, no fim da tarde de segunda-feira.
De acordo com o marido de Raquel, o empresário Gilberto Azevedo, de 33 anos, ela pagou R$ 6.500 para fazer preenchimentos no rosto e nas nádegas. Após o procedimento, por volta das 18h40m, ele foi à clínica buscar a mulher e ela começou a reclamar de falta de ar. Ela foi levada às pressas para o Hospital de Icaraí, onde foi submetida a massagem cardíaca e outros procedimentos de ressuscitação, mas não resistiu.
Em entrevista ao EXTRA, na terça-feira, o cirurgião Wagner Moraes afirmou que acompanhou a paciente e orientou Gilberto a levá-la para o hospital. O marido de Raquel nega que ela tenha recebido os primeiros socorros na clínica e contou que avalia se irá processar o estabelecimento.
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