Diante da possibilidade de ver diminuída sua influência na bancada do PMDB, com a recondução de Leonardo Picciani (PMDB-RJ) à liderança do partido na Câmara, o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), mergulhou de cabeça ontem nas articulações e passou a defender a apresentação de uma terceira candidatura para tentar levar a disputa ao segundo turno. A ideia é dividir os votos de Picciani com outro candidato com perfil moderado em relação ao governo.
Leonardo Quintão (PMDB-MG), que chegou a assumir a liderança por uma semana no final do ano passado com apoio de Cunha e dos antigovernistas da bancada, decidiu manter seu nome na disputa.
Nesta terça-feira, Cunha relatou a movimentação ao vice-presidente Michel Temer. Em encontro no Jaburu, expôs que defenderá um terceiro nome. A avaliação feita por Cunha a Temer é que Picciani desuniu o partido, mas não há hoje um candidato com força para derrotá-lo. Segundo essa análise, num segundo turno essa possibilidade aumentaria.
A disputa pela liderança do PMDB também deverá ser discutida com a presidente Dilma Rousseff, que convidou Temer para um encontro hoje de manhã. Também deverão ser tratadas a indicação para a Secretaria de Aviação Civil e a escolha para a presidência do PMDB. Anteontem à noite, Temer recebeu o senador Romero Jucá (PMDB-RR) em sua residência oficial e pediu-lhe que ajudasse num entendimento com os peemedebistas do Senado — capitaneados pelo presidente da Casa, Renan Calheiros (AL) — com vistas à convenção do partido. Segundo relatos, Temer sinalizou que gostaria de ter Jucá na vice-presidência do PMDB. Assim, o senador exercerá a presidência caso Temer se afaste do comando do partido.
ELEIÇÃO EM 17 DE FEVEREIRO
Após reunião com deputados peemedebistas na tarde de ontem, Picciani marcou para o dia 17 de fevereiro a eleição para a liderança da bancada. As candidaturas devem ser registradas até o dia 3. Também ficou decidido que a escolha do líder se dará por maioria absoluta dos votos. Isso representou uma derrota para os dissidentes do PMDB, que defendiam que Picciani só poderia ser reconduzido ao cargo com os votos de dois terços da bancada.
A estratégia de Cunha de lançar um terceiro candidato foi encampada pela ala oposicionista do PMDB. Até a noite de ontem, o nome mais cotado para entrar na disputa era o do deputado Hugo Motta (PMDB-PB), que presidiu a CPI da Petrobras. Apesar de não fazer oposição ao governo, ele é um aliado de primeira hora de Cunha. Outros nomes cogitados são os dos deputados João Arruda (PMDB-PR) e Mauro Mariani (PMDB-SC).
O Globo