O Palácio do Planalto já admite a vitória do deputado Hugo Motta (PMDB-PB) para a eleição da liderança do PMDB na Casa este ano. Mas, adotando uma estratégia diferente de articulações anteriores no trato com a base aliada, o Executivo não vai intervir em disputas a fim de buscar a pacificação na bancada peemedebista. A união da legenda é tida como fundamental para barrar o impeachment da presidente Dilma Rousseff e tentar aprovar em 2016 propostas impopulares como a CPMF e uma reforma da Previdência.
O governo quer alcançar uma estabilidade mínima dentro da coalizão na Câmara e sabe que o trabalho de reconstrução da base começa pelo PMDB. A avaliação é que a eleição para líder da bancada peemedebista, a maior da Casa, com 67 deputados, será fundamental nessa estratégia. Por isso, o discurso é de não apoiar, seja em público ou nos bastidores, qualquer uma das candidaturas, a de Hugo Motta ou a do atual líder e candidato à reeleição, o governista Leonardo Picciani (RJ). “Não há nenhum sinal de intromissão do governo no processo”, comemorou Motta.
O Planalto não quer melindrar o lado derrotado na disputa e, como consequência, reavivar a tensão no importante partido aliado às vésperas de uma definição na Câmara sobre a admissão do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. Embora o núcleo duro do governo considere que a possibilidade de afastamento da petista perdeu força, o PMDB terá papel decisivo no desenlace do processo: oito das 65 cadeiras da comissão especial do impeachment. A posição da legenda tende a ter seguida por outras da base aliada.
O Executivo está convencido de que, para retomar o protagonismo e impulsionar a agenda do ajuste fiscal, com a CPMF, e das reformas, com a da Previdência, será preciso primeiro acalmar a base aliada. Se Motta for o vencedor, o Planalto já trabalha para estabelecer pontes de aproximação com ele.
Os ministros Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo) e Edinho Silva (Comunicação Social) conversaram com Motta e Jaques Wagner deve fazer o mesmo em breve. A ideia, no caso de vitória do deputado aliado de Cunha vencer, garantir desde logo acesso com o peemedebista. “A eleição do Hugo Motta não é o fim do mundo”, disse um assessor da presidente Dilma.