Os pedidos reiterados da presidente Dilma Rousseff pela aprovação da CPMF durante seu discurso no Congresso, que provocaram vaias por parte de parlamentares que assistiam o evento dentro do plenário da Câmara, geraram reações negativas entre deputados e senadores da base e da oposição.
Para o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), o gesto da presidente em ir ao Congresso discursar ajuda a distensionar a relação, mas a insistência em pedir a criação de mais um imposto não foi vista com bons olhos.
– Há um mal-estar quando se fala em criar qualquer novo imposto. A sociedade não aceita pagar mais tributos e o Parlamento reflete a vontade da sociedade. Mas a vinda da presidente ao Congresso é boa porque dá um alento novo à relação, ajuda a distensionar – afirma Eunício.
O senador Romero Jucá (PMDB-RR), que foi líder do governo até o início do governo Dilma Rousseff, também refutou a ideia de aprovar a CPMF de imediato, como deseja a presidente. Para o senador, é preciso, antes, tratar das reformas estruturantes, como a da Previdência.
– CPMF tem que ser depois de uma série de medidas, senão vai ser só mais dinheiro para gastar de forma inadequada e, daqui a pouco, volta a faltar. Não pode aprovar CPMF antes de reformas estruturantes – afirmou Jucá.
O líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), foi mais direto na crítica.
– O discurso da presidente foi frouxo e vazio. Existe a maturidade institucional de não se desrespeitar a presidente que veio ao Congresso, mas o sentimento geral é de indiferença em relação aos apelos dela. Não adianta pedir mil vezes, que não vai comover ninguém, porque a sociedade é contra qualquer aumento de imposto – afirmou o senador.
Dentro do plenário, dois deputados de partidos da base, Sóstenes Cavalcante (PSD-RJ), Índio da Costa (PSD-RJ), e um da oposição, Caio Narcio (PSDB-MG), seguravam placas com o dizer: “XÔ, CPMF”.
Um dos poucos a defender a criação do imposto foi o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Para o ministro, as vaias à fala de Dilma Rousseff nas vezes em que se referiu à CPMF não significam que as portas estejam fechadas para a discussão da matéria.
– Essa reação obviamente vem de setores contrários à CPMF, mas que não devem estar fechados ao diálogo. A CPMF é da maior relevância para o país sair da crise e é o melhor caminho que se coloca hoje. E, como a presidente disse, será algo provisório. Mas, há, claro, pessoas que não estão preocupadas em encontrar uma saída para a crise e apostam no quanto pior, melhor – afirmou o ministro.
com O Globo