O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, disse que a eleição do novo líder do PMDB, marcada para esta quarta-feira (17), não será uma disputa entre deputados que apoiam ou não o governo ou o impeachment da presidente Dilma Rousseff, e sim entre aqueles que desejam ou não a reunificação do partido na Casa. Defensor da candidatura do deputado Hugo Motta (PB), Cunha voltou a criticar o que considera como manobras para aumentar a bancada do PMDB artificialmente e beneficiar o atual líder, Leonardo Picciani (RJ), que concorre à reeleição.
“É um erro interpretar esta eleição como contra ou a favor do governo, contra ou a favor do impeachment. O Hugo Motta votou na Dilma para presidente – ele tem muito mais um lado governista do que o atual líder”, disse Cunha. “Esta disputa é interna do PMDB; estou acompanhando como eleitor, e o meu objetivo, ao votar no Hugo Motta, é reunificar a bancada, que está dilacerada”, completou.
De acordo com o presidente, Picciani “conseguiu desunir a bancada” e uma eventual vitória dele seria artificial, já que parlamentares de outros partidos estão sendo nomeados secretários estaduais “por 48 horas” só para abrirem vagas, na Câmara, a suplentes que são do PMDB e votarão em Picciani.
“Eu tinha proposto que os titulares dos mandatos pudessem votar para líder sem se licenciarem dos cargos no Executivo, e não aceitaram. Eles não quiseram isso, pois preferem fazer um jogo de aumentar artificialmente a bancada através da utilização dos suplentes”, argumentou. “Isso parece coisa normal, mas não é. É manobra mesmo. E quando há outras coisas de que eu nem tomo conhecimento, vocês falam que é manobra minha”, disse Cunha aos repórteres.
Ele criticou a possibilidade de o ministro da Saúde, Marcelo Castro (PI), reassumir o cargo de deputado para votar em Picciani: “O Marcelo é o titular do mandato e tem o direito de fazer isso. O problema é o desgaste que ele está provocando neste momento de combate ao mosquito da dengue, em que ele é um ministro emblemático: ele vai dar uma demonstração ao País da importância que ele está dando ao tratamento de uma epidemia. É um sinal muito ruim.”
Pedido de afastamento
Questionado pelos jornalistas sobre o teor da sua defesa, no Supremo Tribunal Federal (STF), em relação ao pedido do seu afastamento do cargo feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, Cunha não quis entrar em detalhes. “Vai ser entregue no devido prazo. Quando o advogado apresentá-la, a peça será pública e vocês terão conhecimento”, disse o presidente, que foi notificado oficialmente do pedido nesta terça-feira. Ele tem agora um prazo de 10 dias para apresentar a sua defesa.
Segundo ele, “órgãos que deveriam ser de Estado viraram agentes políticos para me atacar”. Cunha tem dito que as iniciativas de Janot contra ele são uma estratégia para desviar as atenções do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
A pedido dos repórteres, Cunha também comentou o andamento, no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, da representação do Psol que solicita a cassação do seu mandato. O presidente disse novamente que o atraso na tramitação do processo é provocado pelos seus adversários no colegiado: “O objetivo deles é me desgastar na mídia e ganhar holofotes. Estão errando propositalmente para aumentar o tempo do processo e, com isso, continuam se mantendo na mídia.”