Nas mãos de quem conhece e domina a técnica, o algodão colorido orgânico se transforma em arte nas suas diversidades de cores e formas. São redes, vestuários e peças das mais variadas tipologias que encantam os visitantes que percorrem os corredores do 23º Salão de Artesanato da Paraíba, que encerrou neste domingo (31), no Espaço Cultural, em João Pessoa.
Com o tema “O espaço é do povo e o algodão colorido é paraibano”, esta edição destaca os artigos que usam o produto nas diversidades de cores em safira, topázio e rubi tornando-se símbolo regional e referência no país em feiras nacionais e até internacionais. O artesão Hélio Júnior, de Santa Luzia, comemora as vendas acima da média. “Nós já temos um ritmo de produção que atende o mercado o ano todo, mas com a crise todo mundo foi um pouco afetado. No entanto, com o Salão homenageando o algodão nos tornamos vitrine e conseguimos alavancar nossa produção que começa nas plantações até o serviço terceirizado das artesãs que finalizam o acabamento perfeito, principalmente das redes”, revelou.
Dona Valdeci Campos, 81 anos, veio do Recife (PE) acompanhada da filha para visitar o evento. “Eu sou apaixonada por artesanato e conheço quando o produto é de qualidade. Sou assídua de feiras e me surpreendi com a técnica e as habilidades utilizadas por estes artesãos que encontrei aqui. Impossível sair daqui sem levar nada. O difícil mesmo é escolher o melhor”, disse a aposentada.
A diversidade cultural da exposição atraiu o olhar curioso do pequeno David, de apenas 7 anos, que se encantou com as miniaturas de casa de taipa ao lado da mãe Jonábia Tavares, de Campina Grande. “Durante o percurso nos corredores do Salão vim explicando a ele cada detalhe, de onde vinham a matéria-prima e ele ficou maravilhado dentre tantas coisas com as casinhas, pois ele não fazia ideia de como era e ainda são o comportamento principalmente dos sertanejos da zona rural. Uma aula para ele e também para mim de cultura”, explicou a servidora pública.
O artesão Marcos Praxedes, natural de João Pessoa, inovou no Salão e atraiu a atenção dos visitantes com a técnica japonesa do origami, uma arte de dobrar papel que existe há mais de um século, sem uso de cola nem cortes. “Eu aprendi sozinho, depois passei a ensinar a técnica em centro de formações, atualmente faço festas, decoro lojas e com o Salão já recebi inúmeras propostas de pós-feira que vai me garantir trabalhar o ano todo. Sou do Programa de Artesanato há muitos anos e o reconhecimento do público com o tempo só vem aumentando e nos estimulando a trabalhar mais e melhor. Agora trouxe muitas novidades como luminárias, porta-retratos e outras peças com movimento”, comemorou o artesão.
No espaço destinado à gastronomia, onde os visitantes encontram cocadas, licores, doces, biscoitos, cachaças e comidas típicas, a família natural de Porto Velho, no estado de Rondônia, se deliciava após as compras. “Já tínhamos vindo à Paraíba porque este é um destino que nos encanta bastante, mas no Salão nunca. Acertamos na escolha da cidade, vimos muita originalidade, produtos incríveis e quase que exclusivos, recomendaremos aos nossos amigos quando chegarmos na cidade para a entrega dos presentes que compramos aqui”, disse a turista Marilene Machado, ao lado do esposo Gregório e do filho Gabriel, 10 anos.
Além do algodão colorido, comidas, cerâmica, couro, tecelagem, brinquedos, artesanato indígena, ossos, pedra e metal, o Salão traz um acervo de grandes artistas da xilogravura e da literatura de Cordel, como Beto Brito que fez questão de estar presente atendendo ao público vendendo os famosos cordéis, livros e CDs. O místico artista do repente, coco, rabeca e também viola, disse ser encantado pela riqueza cultural da Paraíba.
“O que o artista precisa e procura é este contato pessoal. Não há como trabalhar sem isso. E um dos grandes objetivos de minha vinda é ouvir o povo, saber que a Paraíba tem pessoas cultas, interessadas em arte e eu acho que cada artesão presente está feliz, pois são tratados com respeito e isso é um grande palco para nós. Uma arte interage com a outra e não há artista solitário. Somos um emaranhado de raízes e os artistas se integram, criam novas formas e novas possibilidades sempre. Não temos noção até onde nossa arte pode alcançar”, acrescentou Beto Brito.
O Salão de Artesanato da Paraíba se encerra neste domingo (31), em João Pessoa, das 14h às 21h. Os visitantes que chegarem às 19h ainda poderão conferir a apresentação da banda “Os Fulano”, em seguida, haverá a apresentação dos resultados desta edição, às 21h a coordenação do evento fará a entrega do Troféu PAP aos três artesãos mais bem votados durante todo o evento finalizando com a solenidade que contará com a presença de gestores e convidados.
Secom