Matéria publicada na página A-9 do Jornal Valor Econômico desta sexta-feira (19) cita o senador Raimundo Lira (PMDB-PB) como favorito para assumir a liderança do governo no Senado. O jornal diz que Lira é “de bom trânsito com o presidente do Congresso Nacional, Renan Calheiros (PMDB-AL), de quem ganhou sutil apoio, e bem visto no PT pelo perfil agregador”.
Veja a matéria, na íntegra:
Embate na CAE dificulta escolha de líder no Senado
A ausência de Delcídio Amaral (PT-MS), preso desde novembro, ainda causa danos no andamento do Senado Federal. Para além do processo no Conselho de Ética, que julgará a cassação de seu mandato, o preenchimento de dois importantes postos da Casa que eram ocupados por ele é motivo de conflito dentro da base aliada ao governo.
Presidente da prestigiada Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e líder do governo no Senado até o momento da prisão, Delcídio ainda não foi substituído nestas vagas.
Para a liderança, o desejo do governo é nomear um senador do PMDB. Líder da bancada, Eunício Oliveira (CE) indicou Blairo Maggi (MT), recém-filiado à sigla, e Raimundo Lira (PB), que era suplente de Vital do Rêgo Filho e assumiu a vaga quando este foi nomeado ministro do Tribunal de Contas da União (TCU). Blairo recusou prontamente, por ser um crítico da política econômica do governo.
O Palácio do Planalto autorizou que Lira fosse sondado para assumir a liderança. Parecia a costura ideal: indicado pelo PMDB, de bom trânsito com o presidente do Congresso Nacional, Renan Calheiros (PMDB-AL), de quem ganhou sutil apoio, e bem visto no PT pelo perfil agregador.
Só que Lira é vice-presidente da CAE e, com a ausência de Delcídio, está no comando dos trabalhos. Na divisão proporcional das comissões pelo tamanho das bancadas, a presidência da CAE pertence ao PT. Apesar de ainda haver muitas dúvidas sobre o trâmite legal para substituir Delcídio – afinal, ele continua senador, não tendo sido cassado nem tendo renunciado -, o PT enviou então um emissário para saber de Lira se ele estaria disposto, caso fosse confirmado na liderança do governo, a renunciar ao comando da CAE, criando assim uma situação que forçasse o colegiado a fazer uma nova eleição para presidente, para a qual o PT já indicou Gleisi Hoffmann (PT-PR) como sua escolhida.
Fez-se a confusão. Os caciques pemedebistas não gostaram nem um pouco da ação do PT, que consideraram “sorrateira”, para tentar retomar a presidência de uma comissão que, pelo menos por enquanto, está com o PMDB. “E se Delcídio for solto amanhã? Ele foi eleito de maneira suprapartidária na CAE. O PMDB vai patrocinar essa ilegalidade para resolver os problemas do PT?”, questionou uma fonte.
Já os petistas alegam que estão sendo injustiçados, pois já perderão o posto da liderança para o aliado e o comando da CAE, pela regra, lhes pertence.
Como pano de fundo do imbróglio, está a insatisfação do PMDB com a indicação de Gleisi para a CAE. A senadora é defensora de medidas econômicas às quais a sigla é totalmente contrária.
Lira permanece como favorito, mas também estão na mesa do ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, como possíveis líderes os nomes da própria Gleisi e de Acir Gurgacz (PDT-RO), ambos correndo por fora. Este último é o relator no Congresso das contas da presidente Dilma Rousseff em 2014, que foram rejeitadas pelo TCU. O senador fez um parecer indicando a aprovação das contas com ressalvas, que ainda precisa ser votado, mas que deixou o governo satisfeito.
Valor Econômico