Bens que foram retirados do Palácio do Planalto pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foram guardados em um cofre da Agência Líbero Badaró do Banco do Brasil, em São Paulo, por cinco anos sem qualquer custo.
A informação foi prestada pelo gerente do banco, quando a Polícia Federal (PF) cumpriu um mandado de busca e apreensão no local, durante a 24ª fase da Operação Lava Jato.
Entre os itens estão moedas de ouro, medalhas, esculturas e até uma espada e uma adaga. Tudo está acondicionado em 23 caixas de papelão e em uma caixa maior de madeira. Nas caixas de papelão, há inscrições com o nome da transportadora Granero.
A PF investiga indícios de que o transporte e armazenagem dos bens de Lula ao sair da Presidência tenham sido pagos pelas construtoras OAS e Odebrecht, como forma de compensação pelos negócios fechados entre as empreiteiras e a Petrobras. No dia 4 deste mês, o ex-presidente foi levado a depor na Polícia Federal, após um mandado de condução coercitiva emitido pelo juiz federal Sérgio Moro, que conduz os processos da Operação Lava Jato na primeira instância.
Os investigadores buscam ligar Lula ao esquema de fraudes descoberto pela Lava Jato na Petrobras. Além dos cuidados aos bens do ex-presidente, há indícios, segundo o Ministério Público Federal, de que um apartamento no Guarujá e um sítio em Atibaia sejam de Lula, embora as escrituras figurem nos nomes da OAS e de dois sócios de um dos filhos do ex-presidente, respectivamente.
No inquérito que trata da busca e apreensão dos bens na agência do Banco do Brasil, os promotores enviaram um pedido ao Sérgio Moro para que Lula seja intimado a esclarecer as circunstâncias em que recebeu cada um dos itens guardados no cofre.
Nesta sexta-feira (11), o magistrado acolheu ao pedido e também retirou o sigilo sobre o inquérito, dando à defesa ao inventário de itens que se encontram na agência. Os advogados têm cinco dias para se manifestar.
Ao G1, o Banco do Brasil informou que não vai comentar o assunto para não atrapalhar as investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal. O banco do Brasil informou também que vai prestar todas informações necessárias durante o período de investigações.
A assessoria de imprensa do Instituto Lula disse que os objetos guardados são do acervo presidencial privado e que o material é regular e está dentro da lei.
“Esses objetos estão de acordo com a lei, que determina um acervo privado. Não existe nenhuma ilegalidade. Só existe sensacionalismo, desperdício de dinheiro público pela Polícia Federal e pela Operação Lava Jato que promoveram uma pirotecnia, no dia 4 de março, e uma invasão da privacidade da família do ex-presidente se apossando de documentos que não tem nenhuma ilegalidade. Depois, a PF fez uma outra operação no cofre do Banco do Brasil e descobriu de novo que não existe nenhuma irregularidade”, declarou a assessoria.
O Instituto Lula destacou ainda, também por meio da assessoria de imprensa, que se tivesse sido solicitado esclarecimento sobre o material antes mesmo do cumprimento dos mandados de busca, não haveria nenhum problema em prestar as informações.
G1