“Se perguntar, todo mundo vai dizer que ninguém quer sair daqui, porque tem tudo e a gente não precisa ter que ir muito longe para resolver as coisas”, comenta a dona de casa Jaqueline Bezerra, de 28 anos, que desde criança mora no Conjunto Álvaro Gaudêncio – popularmente conhecido como Malvinas, em Campina Grande. O bairro é o mais populoso da cidade, com 38.713 habitantes, e por causa da expansão ao longo dos últimos anos, em breve deverá ser dividido em Malvinas Sul e Malvinas Norte, a partir da Avenida Floriano Peixoto.
Mas não só as Malvinas. Outros bairros de Campina Grande, como as Três Irmãs e o Ligeiro, também devem sofrer alterações em sua divisão territorial, e o número de bairros da cidade, que hoje é 53, vai passar a ser 80. A mudança geográfica tem o objetivo de facilitar a implantação de ações de infraestrutura e planejamento urbano, como a instalação de postos de saúde, praças, escolas e outros equipamentos de uso coletivo, além de favorecer o crescimento urbano. Ela está sendo elaborada pela Secretaria de Planejamento e Obras do município.
O projeto ainda está em fase de diálogo técnico, conforme o secretário municipal de Planejamento, André Agra, ou seja, na discussão entre universidades, especialistas e outros órgãos. Na prática, segundo ele, será feito um novo traçado geográfico que atende a duas questões básicas e necessárias para Campina Grande. “Hoje o perímetro urbano de Campina está sem capacidade de expansão, já adentrando a zona rural, que tem uma legislação de ocupação diferente. Por outro lado, pretendemos criar um modelo de expansão que direcione o crescimento para onde há infraestrutura. Esse desenho urbano se encadeia com a revisão do Plano Diretor da cidade, que também estamos realizando”, afirmou Agra.
No entanto, o secretário garantiu que a ideia do projeto é melhorar o planejamento da cidade e favorecer o seu crescimento. Por isso, mudanças mais profundas, como alteração de endereços tentarão ser evitadas, a não ser em relação aos novos bairros. Ainda conforme Agra, a parte técnica do projeto deverá ser finalizada em até 60 dias, quando passará por consulta pública e será encaminhada para aprovação na Câmara Municipal.
Fundada em 1864 e atualmente com 151 anos de história, Campina Grande já passou por várias mudanças e sempre se destacou pelo seu desenvolvimento. Em 2000, o município contava com 355.331 habitantes, número que já saltou para 405.072, atualmente, um aumento de 13,9% conforme a estimativa populacional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com o setor de Supervisão de Base Territorial do IBGE na Paraíba, compete ao município legislar sobre seu território, dividir e criar bairros, mas para isso é preciso que haja um projeto de lei delimitando as novas áreas e quais ruas fazem parte do local. Segundo João Alfredo Neto, que trabalha no setor, a discussão sobre a mudança da malha urbana de Campina chegou ao IBGE, que participou de duas reuniões no ano passado a convite da PMCG, mas sem avanço na discussão.
Fonte: Jornal da Paraíba.