Trecho de gravação telefônica feita pelos investigadores da Lava Jato mostra o presidente do PT, Rui Falcão, cobrando do então ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, uma reação do governo sobre o pedido de prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva feito pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP).
Segundo os investigadores, eles também falam sobre o que aconteceria com o pedido de prisão se Lula aceitasse um ministério imediatamente. Questionado por Falcão, Wagner diz não saber qual seria o impacto da nomeação.
Na quarta-feira (16), o juiz Sergio Moro divulgou um áudio em que Dilma diz a Lula que lhe enviaria o termo de posse para ele usar “em caso de necessidade”.
A oposição interpretou que se tratava de uma tentativa da presidente para Lula se livrar de uma ação policial. O governo contesta, e diz que estava enviando o termo de posse porque Lula estava com problemas para comparecer à cerimônia de posse marcada para quinta-feira (17).
A ligação foi feita por meio de um celular utilizado pelo ex-presidente Lula e ocorreu em 10 de março, dia em que foi divulgado o pedido de prisão feito pelos promotores Cassio Conserino, José Carlos Blat e Fernando Henrique Araújo, do MP-SP.
Em 14 de março, a juíza Maria Priscilla Ernandes Veiga de Oliveira, da 4ª Vara Criminal da Justiça de São Paulo, decidiu transferir o caso para a 13ª Vara Federal de Curitiba, onde atua o juiz Sergio Moro. O entendimento foi que os crimes denunciados são federais e não estaduais. A assessoria de imprensa de Rui Falcão informou que ele não iria se posicionar sobre a gravação “por enquanto”.
Por meio de nota, Jaques Wagner afirmou que a divulgação dos áudios desrespeita a Constituição e a escuta é um “grampo ilegal” uma vez que ele e Rui Falcão não são alvos de investigação.
“É imprescindível afirmar que a gravação foi baseada em um grampo ilegal uma vez que nem o presidente do PT nem eu, somos alvos de investigação, e que a divulgação deste diálogo caracteriza mais um claro desrespeito à Constituição, às liberdades individuais e ao Estado de Direito Democrático”, afirmou Wagner na nota divulgada nesta sexta.