O corpo de Rian Brito foi encontrado na última quinta-feira (3) em Quissamã, já em estado avançado de decomposição, e o laudo da necropsia mostrou que o neto de Chico Anysio morreu de asfixia por afogamento. Em coletiva realizada na manhã desta sexta-feira (4), a delegada Ellen Souto, titular da Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA), do Rio, comentou o caso e deu detalhes das investigações.
“Tudo indica que o Rian entrou no mar e se afogou. Ele estava jejuando em um local quente e talvez não estivesse nutrido o suficiente para aguentar um mar daquele. Uma fatalidade levou ao afogamento”, afirmou Ellen, completando que a identificação foi confirmada pelas impressões digitais do jovem de 25 anos, e que os familiares de Rian não a fizeram pessoalmente. “A família não viu o corpo, mas o identificou pelas fotos dos acessórios que ele estava usando”, explicou.
A delegada descartou a hipótese de suicídio a partir do perfil psicológico do jovem, que ficou desaparecido por nove dias. “Ele não teria motivo para querer tirar a própria vida. Não tinha perfil de depressão. É possível que o calor intenso e o jejum a que ele estava se submetendo tenha provocado uma desidratação, alucinação”, afirmou.
A mãe de Rian, Marcia Brito, que agradeceu as mensagens de apoio pela morte do filho, acreditava que o rapaz estaria na região para meditar. A hipótese é considerada pela polícia. “Ele gostava de meditar em locais de natureza selvagem e tinha o hábito de jejuar. Já tinha passado um período jejuando e expressou para a mãe o desejo de voltar. Acreditamos que ele foi para a reserva com o intuito de meditar e jejuar. O local é ermo, bem deserto e muito bonito. Os moradores pouco frequentam e poucos turistas vão lá”, detalhou Ellen Souto.
Delegada afirma que Rian inventou aula em autoescola, onde foi deixado
Rian viajou de ônibus e sozinho para Quissamã, onde seus pertences foram encontrados, conforme apontaram câmeras da Rodoviária Novo Rio. Mais cedo, no mesmo dia, ele foi deixado pela mãe em uma autoescola em São Conrado, na Zona Sul. Na entrevista, a delegada contou que o jovem não tinha nenhum horário agendado.
“Ele, definitivamente, inventou para a mãe que teria esta aula”. De lá, Rian foi até o shopping Fashion Mall, onde fez um saque de R$ 500, e seguiu de táxi para a rodovioária. “Pelas investigações, deduzimos que ele tinha a ideia de pegar o ônibus de 13h40, mas só conseguiu embarcar no de 19h40, chegando em Quissamã na madrugada”, disse Ellen.
Apesar de todos os indícios, a delegada garante que a polícia continua apurando o caso. “A investigação não está concluída ainda. Queremos descobrir o que ele fez quando saiu da rodoviária de Quissamã, que não tem câmeras, até ir ao local (onde o corpo foi encontrado). Como ele chegou de madrugada, tudo indica que tenha andado até a praia. Ninguém o viu, até por causa do horário”, finalizou.
Velório e cerimônia de cremação são adiados
Com isso, a cremação de Rian, que aconteceria nesta sexta (4), precisou ser adiada. Em conversa com o jornal “O Globo”, funcionários do crematório afirmaram que a família precisa de um alvará judicial autorizando a cremação, já que não foi morte natural. O corpo já foi liberado pela Polícia Civil. A cerimônia deve acontecer no sábado (5), no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju, Zona Portuária do Rio, mesmo local onde Chico Anysio foi cremado, em 2012.
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