Com o lema “Mulheres na Luta em Defesa da Natureza e Alimentação Saudável”, cerca de 500 mulheres do Movimento Sem Terra da Paraíba (MST PB) ocuparam na manhã desta segunda-feira, 7, a sede da Associação de Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan), em João Pessoa. O objetivo é denunciar o modelo do monocultivo da cana de açúcar baseado no uso intensivo de agrotóxicos.
Segundo o movimento, a associação pode até homenagear as mulheres no dia 8 de Março, mas ao mesmo tempo “envenena a mãe terra com o monocultivo da cana de açúcar e com uso intensivo de agrotóxicos”. As mulheres Sem Terra dizem que “cana não enche o prato”, e, portanto, elas defendem a plantação de feijão, macaxeira e alimentos saudáveis para população e a agroecologia como matriz produtiva.
O agronegócio da cana de açúcar estaria matando rios, indígenas e até mesmo mulheres, sendo um modelo com uso intensivo de agrotóxicos. O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo desde 2009, e uma pesquisa recente da Universidade de Brasília concluiu que, na hipótese mais otimista, 30% dos alimentos consumidos pelos brasileiros são impróprios para o consumo somente por conta de contaminação por agrotóxicos. Esse mesmo modelo é implementado e defendido pela Asplan PB.
A ação na sede da Asplan faz parte da Jornada Nacional de Luta das Mulheres Camponesas, e pretende denunciar os males do agronegócio, dos transgênicos, e de todas as formas de violência contra as mulheres. Também é colocada em pauta a importância da democratização da terra, dos bens naturais, produção diversificada de alimentos saudáveis e construção de territórios livres do agronegócio, de agrotóxicos e transgênicos.
O MST quer discutir os impactos desse modelo de desenvolvimento na vida das mulheres camponesas, e mostrar que é possível um projeto de agricultura baseado na agroecologia, com defesa da soberania alimentar e com base na Reforma Agrária.