Em depoimento ao Conselho de Ética da Câmara nesta quinta-feira (7), o empresário Leonardo Meirelles disse ter comprovantes de depósitos bancários, totalizando US$ 5,1 milhões, de valores que recebeu em suas contas no exterior e que teriam como destinatário final o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Meirelles afirmou que transformou esse dinheiro em reais e o entregou em espécie ao doleiro Alberto Youssef, que depois informou a ele que seria destinado para o parlamentar.
Meirelles disse aos deputados do colegiado não ter feito nenhum depósito diretamente em contas de Cunha e relatou não saber se ele tem ou não conta no exterior.
À tarde, Cunha disse não ter “nada a ver”com o dinheiro citado por Meirelles. “Esse evento já foi publicamente comprovado que não tem nada, absolutamente nada a ver comigo”, afirmou o presidente da Câmara.
Delator na Operação Lava Jato, Meirelles é ex-sócio de Youssef e cedia empresas para que o doleiro fizesse repasses de recurso ao exterior que seriam destinados depois a supostos beneficiários de propina.
Cunha é investigado no Conselho de Ética pela suspeita de manter contas bancárias secretas no exterior e de ter mentido sobre a existência delas em depoimento à CPI da Petrobras e de não as ter declarado no Imposto de Renda. O presidente da Câmara nega ter conta, mas apenas o usufruto de fundos geridos por trustes.
Meirelles contou, porém, que, a pedido de Youssef, recebeu três transferências em 2012 de uma empresa do empresário Júlio Camargo, totalizando US$ 5,1 milhões, na conta de uma empresa sua, chamada RFY, na China. Ele relatou que transformou esse dinheiro em reais e o entregou em espécie a espécie a Youssef.
Em uma das vezes, havia um entregador aguardando para pegar o dinheiro com Youssef e levá-lo para um condomínio na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Segundo Meirelles, esse emissário era o agente afastado da Polícia Federal Jayme Alves de Oliveira Filho, conhecido como Jayme Careca. A residência de Cunha no Rio fica em um condomínio na Barra.
Meirelles disse aos deputados do colegiado não ter feito nenhum depósito diretamente em contas de Cunha e relatou não saber se ele tem ou não conta no exterior.