Horas antes de o Senado eleger os integrantes da comissão especial destinada a analisar o processo de impeachment e dar início aos trabalhos do colegiado, a presidente Dilma Rousseff convocou nesta segunda-feira (25) ao Palácio da Alvorada os ministros Jaques Wagner (chefia de gabinete), Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo) e Nelson Barbosa (Fazenda) para discutir sua estratégia de defesa.
Na tarde desta segunda, o plenário do Senado irá eleger a comissão especial, composta por 21 integrantes, que decidirá em até dez dias úteis se dá prosseguimento ou arquiva o processo de afastamento da presidente autorizado na semana passada pela Câmara dos Deputados.
Se o Senado optar pela continuidade do processo, Dilma deverá ser afastada do cargo por até 180 dias e, neste período, o vice-presidente Michel Temer assumirá o comando do Palácio do Planalto.
Estratégia de defesa
No Senado, assim como fez na Câmara, o governo apostará na tese de que Dilma não cometeu crime de responsabilidade que possa servir como justificativa para afastá-la da Presidência.
Enquanto o processo de impeachment tramitava na Câmara, o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, e o ministro da Fazenda defenderam que os decretos extraordinários publicados pelo governo federal sem autorização do Legislativo e as chamadas “pedaladas fiscais” não caracterizariam crime de responsabilidade por parte da chefe do Executivo. As duas manobras contábeis embasaram o pedido de impeachment de Dilma apresentado pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Júnior e Janaína Paschoal.
Indicado pelo PMDB para a presidência da comissão especial, o senador Raimundo Lira (PB) já afirmou que, embora não haja previsão no rito do Senado para que a defesa de Dilma se manifeste nesta primeira etapa de tramitação do processo na Casa, ele disse que avaliará abrir espaço para os defensores da presidente apresentarem seus argumentos aos 21 integrantes da comissão especial antes de o colegiado emitir um parecer.
Em outra linha de frente, Jaques Wagner e Ricardo Berzoini – responsáveis pela articulação política do governo – têm conversado diariamente com senadores a fim de convencê-los a votar contra o afastamento da presidente Dilma.
G1