Cerca de cinquenta pessoas eram usadas como “laranjas” em um esquema investigado pela Polícia Federal e que culminou na prisão de três pessoas e 10 mandados de busca e apreensão na manhã de hoje em João Pessoa e Santa Rita. De acordo com as investigações da segunda fase da Operação Falsa Morada, o foco da organização criminosa era fraudar o programa Minha Casa, Minha Vida, do Governo Federal.
“Já averiguamos que essa fraude causou um prejuízo aos cofres públicos de cerca de R$5 milhões. As pessoas indiciadas estão incursas nos crimes previstos na lei de organização criminosa, obtenção fraudulenta de financiamento perante instituição oficial e também corrupção passiva”, explicou o delegado regional de Combate ao Crime Organizado, Raoni Aguiar.
Segundo a Polícia Federal, há muitos indícios de que cerca de 50 financiamentos habitacionais foram concedidos para casas que nunca foram construídas. Para conseguir o recurso do financiamento, o grupo criminoso apresentava documentos falsos, como alvará de construção, escrituras e laudos de vistorias. Das três pessoas presas na manhã de hoje em João Pessoa, duas faziam o ponto de contato entre órgãos públicos e a principal construtora e a outra era funcionária de um cartório em Santa Rita.
“Na segunda fase da operação nós conseguimos identificar as pessoas que, dentro da organização criminosa, davam suporte, conferindo uma aparência de legalidade, ao procedimento que era formalizado perante a Caixa Econômica”, afirmou o chefe em exercício da Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros e Desvios de Recursos Públicos, Alexandre Paiva. “As buscas foram cumpridas e a partir de agora nós vamos começar o trabalho de forma ininterrupta de análise desse material”, completou.
Ainda de acordo com a Polícia Federal, há fotos que comprovam que as casas financiadas não foram construídas. Todas as construções deveriam ser feitas na cidade de Santa Rita.
Além das pessoas presas preventivamente hoje, outros supostos participantes do esquema criminoso ainda estão sendo investigados. Entre eles, há engenheiros ligados Caixa Econômica, que assinavam as vistorias, onde constava que as casas estava sendo construídas.
“No início, esses engenheiros foram enganados, eram mostradas casas pertencentes a terceiros. Depois eles passaram a aderir (ao esquema) e passaram a receber uma certa quantia para emitir o laudo de casas inexistentes. Sempre com a recomendação para que depois as casas fossem edificadas”, detalhou Alexandre Paiva.
As pessoas presas serão encaminhadas para a Justiça Federal, onde participam de uma audiência de custódia e de acordo com a decisão, podem ser encaminhados a presídios de João Pessoa.
Jornal da Paraiba