No despacho em que autoriza a prisão temporária do empresário Ronan Maria Pinto, divulgado nesta sexta-feira (1º), o juiz Sérgio Moro argumenta que “é possível” que a morte do prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), em 2002, tenha “alguma relação” com o esquema de corrupção na prefeitura da cidade.
Ronan é dono do jornal “Diário do Grande ABC” e de empresas do setor de transporte e coleta de lixo e alvo da 27ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta sexta. No ano passado, o empresário foi condenado por envolvimento num esquema de cobrança de propinas na prefeitura da cidade. A decisão não é definitiva.
Moro lembrou a condenação no despacho de prisão temporária de Ronan e, em seguida, escreveu ser “possível que este esquema criminoso tenha alguma relação com o homicídio, em janeiro de 2002, do então Prefeito de Santo André, Celso Daniel, o que é ainda mais grave”.
O empresário se tornou alvo da Lava Jato por, segundo as investigações, ser o beneficiário final de R$ 6 milhões desviados da Petrobras por meio de um empréstimo falso obtido pelo pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, junto ao Banco Schahin. O objetivo seria quitar dívidas do PT.
O empréstimo foi pago por intermédio da contratação fraudulenta da Schahin como operadora do navio-sonda Vitória 10.000, pela Petrobras, em 2009, ao custo de US$ 1,6 bilhão. Como foi favorecido para obter o contrato, parte do lucro do banco na operação quitou o débito.