Falta pouco para o Dia das Mães, a segunda data mais importante para o comércio — atrás apenas do Natal. Mas a previsão para o varejo não é muito animadora e o período não deve representar um alívio para o setor, de acordo com pesquisa feita pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Segundo a entidade, o volume de vendas para a data deverá registrar recuo de 4,1% frente ao ano anterior. Se confirmada esta previsão, a data registrará seu pior desempenho desde o início da série, em 2004. Vale lembrar que em 2015 a data comemorativa já apresentou uma retração nas vendas, de 0,4%, frente ao ano anterior.
Com expectativa de queda nas vendas, a contratação de trabalhadores temporários para a data também deverá ser menor. A oferta de 25,6 mil vagas em todo o varejo esperada pela CNC é 5,6% inferior ao contingente contratado no mesmo período do ano passado e equivale à quantidade de vagas do Dia das Mães de 2012 (25,4 mil). A projeção é que o varejo movimente aproximadamente R$ 5,7 bilhões.
— É uma estimativa muita negativa e em relação a um ano que já havia sido o pior desde que começou a ser feito o levantamento. O comércio foi cavando o fundo do poço a cada mês que passava e dificilmente a gente vai escapar do pior desempenho do varejo já registrado, com estimativa de fechar este ano com perda de 8,8% — avalia o economista da CNC Fabio Bentes.
Já a pesquisa do Centro de Estudos do Clube dos Diretores Lojistas do Rio de Janeiro (CDLRio) — que ouviu mais de 500 lojistas da cidade do Rio de Janeiro — aponta um resultado mais otimista. O levantamento mostra que os empresários estimam vender 2% a mais no Dia das Mães sobre as vendas do ano anterior.
Aldo Gonçalves, presidente do CDLRio, ressalta que mesmo com sucessivos resultados negativos no comércio, os lojistas estão moderadamente otimistas com as vendas no Dia das Mães.
— Sabemos que a data não vai salvar o comércio, pois as perspectivas não são boas e a recuperação será difícil enquanto tivermos um cenário político-econômico do jeito que está. No entanto, há uma projeção de melhora, devido à previsão de mudanças na política. Além disso, acreditamos que o pessimismo pode causar um resultado ainda pior.
A pesquisa do CDL contou com a participação de empresários dos setores de vestuário, calçados e bolsas, joias e bijuterias, perfumaria e cosméticos, eletrodomésticos, eletroeletrônicos, móveis e telefonia celular.
Assim como o levantamento da CNC, o economista da Rosenberg Associados Leonardo Costa também não espera um resultado positivo nas vendas para o Dia das Mães deste ano.
— A deterioração no setor deve se manter, com um volume de vendas para maio ainda menor do que o observado no ano passado — resume.
A estudante Raiane Costa, de 25 anos, ainda não sabe o que vai dar de presente para mãe, mas não tem dúvidas de que o presente terá que ter o valor máximo de R$ 60. No entanto, ela conta que pretende pesquisar bastante para tentar um preço mais em conta:
— É uma data que não dá para passar em branco, mas, como estou desempregada no momento, não posso gastar além do meu orçamento. Então, o jeito vai ser pesquisar bastante para garantir um preço bom.
LEMBRANCINHAS PARA AS MÃES
O estudo da CNC indica que a data deve ser marcada por lembrancinhas. O levantamento aponta que os ramos de artigos de uso pessoal e doméstico e de vestuário, calçados e assessórios deverão se destacar positivamente com alta de 4,4% e 2,3%, respectivamente, frente ao Dia das Mães de 2015. Com menor procura por compras a prazo e com variações de preços menos acentuadas nos últimos meses, as vendas nesses dois segmentos caracterizados por tíquetes médios mais baixos, deverão responder por quase dois terços (65,8%) de toda a movimentação do varejo com essa data em 2016, diz a pesquisa.
Para Bentes, da CNC, o resultado poderia ser ainda pior se não fosse uma característica nas vendas do Dia das Mães, que é uma procura considerável por cosméticos e perfumarias, setor que está relativamente bem e deve evitar uma queda maior, juntamente com o segmento de vestuário, que apesar de não estar em um bom momento, espera-se um resultado positivo.
— O que está por trás desse resultado é o tíquete médio baixo, em torno de R$ 50, diferente de móveis, por exemplo, muito procurado em outra época. Ou seja, teremos um Dia das Mães da lembrancinha. A cada R$ 100 em compras esperamos que R$ 45 sejam gastos em vestuário e artigos pessoais e a cada dez vagas de trabalhos temporários, estimamos que seis sejam desse setor. A exemplo de como aconteceu com a Páscoa, a previsão é que os lojistas façam liquidações para atrair o cliente, no entanto, mesmo assim as perspectivas são muito ruins.
Os segmentos que devem puxar a variação da receita do setor para baixo são livrarias e papelarias (-21,1%) e as lojas de móveis e eletrodomésticos (-18,4%). Ambos devem registrar seus piores desempenhos em vendas em toda a série histórica.
SHOPPINGS FAZEM PROMOÇÕES
Assim como aconteceu em outras datas comemorativas, para driblar a crise, os shoppings estão investindo em promoções. Os shoppings Boulevard Rio, Botafogo Praia e Nova América sorteiam um ano de academia, um ano de salão de beleza e até vale-compras. A cada R$ 200 em compras o cliente tem direito a um cupom para concorrer aos prêmios.
No Metropolitano Barra, a cada R$ 400 em compras, os clientes concorrem a dez vale-compras no valor de R$ 8 mil, para serem usados no shopping. A expectativa de aumento de vendas é de 12%.
O Shopping Tijuca sorteará uma viagem para as principais vinícolas do Chile. Para participar, o cliente deve realizar uma compra acima de R$ 250 e trocar por um cupom da promoção.
Os clientes do Ilha Plaza que comprarem R$ 300 ganharão um ingresso duplo para assistir ao show de stand-up comedy do ator Gabriel Louchard.
Já o Shopping Via Brasil está se preparando para a data buscando atrações gratuitas para atrair o público. Na véspera do Dia das Mães, haverá uma edição especial do projeto Happy Hour, de shows gratuitos a cada 15 dias.