“Se os países não cooperam, simplesmente não se tem a prova do crime. Não se te como recuperar o dinheiro da corrupção”. Esse foi um dos pontos enfatizados pelo juiz federal, Sergio Moro, durante palestra na Conferência Internacional “Investimento, Corrupção e o papel do Estado – Um Diálogo Suíço-Brasileiro”, realizada no Centro Cultural Ariano Suassuna, na sede do TCE, em João Pessoa.
De acordo com o magistrado, a cooperação internacional tem sido imprescindível para se combater a corrupção. Ele lembrou que o Brasil tem sido muito mais requerente do que requerido na obtenção de informações na elucidação de crimes.
Ao citar o caso da Operação Lava Jato, Sergio Moro explicou que muitas vezes o dinheiro desviado da corrupção “dava voltas muitas longas” até chegar no agente da Petrobras. Sem citar nomes, ele disse que os recursos percorriam contas de offshores dos mais variados países, inclusive paraísos fiscais, para chegar ao destino final no Brasil. “Países como Uruguai, Panamá, Ilhas Virgens, Mônaco, Belize, Andorra, Suíça, detém parte das provas, por isso se não existir a cooperação no sentido de liberar as informações, fica impossível obter as provas desse longo caminho percorrido pelo dinheiro da corrupção”, comentou.
O magistrado também disse que no geral, os países têm cooperado, mas em alguns casos as investigações esbarra em barreiras formais ou procedimentais. “Por vezes, alguns países só liberam as informações depois da investigação ser concluída”, observou.
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