O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) abertura de dois inquérito para apurar o suposto envolvimento do senador Aécio Neves (PSDB-MG) com desvio de dinheiro de Furnas Centrais Elétricas e com maquiagem de dados do Banco Rural. O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) deve ser um dos alvos da investigação do inquérito sobre maquiagem dos dados do Banco Rural durante a CPI dos Correios. O procurador-geral fez os pedidos com base na delação do senador Delcídio Amaral (Sem partido-MS), um dos delatores da Operação Lava-Jato.
Em um dos depoimentos, Delcídio disse que, quando presidiu a CPI dos Correios, foi procurado por intermediários de Aécio para prorrogar o prazo de entrega de documentos do Banco Rural. O atraso daria tempo ao banco de mascarar informações desfavoráveis à relação entre o governo de Minas Gerais, durante a gestão de Aécio, e o banco, um dos pivôs do mensalão. Delcídio apontou ainda supostas ligações de Aécio com um suposto esquema de desvio de dinheiro da estatal operado pelo ex-diretor Dimas Toledo.
A partir das declarações do senador, Janot pediu o desarquivamento das investigações sobre fraudes em Furnas e a abertura de um novo inquérito para apurar as novas e antigas acusações de desvios de dinheiro da estatal para políticos de vários partidos. Também com base na delação de Delcídio, o procurador-geral pediu abertura de inquérito contra o ministro Vital do Rêgo, do Tribunal de Contas da União (TCU) e do deputado Marco Maia (PT-RS), acusados de cobrar propina para evitar depoimento de empreiteiros na CPI da Petrobras.
OUTRO LADO
Em nota, o senador Aécio Neves disse que considera “natural” e “necessário” que sejam feitam investigações após a homologação de uma delação pelo STF. No entanto, ele ressalta que os temas são antigos e já foram objeto de investigações anteriores ou “que não guardam nenhuma relação com o senador”. A nota ainda reitera o apoio do presidente nacional do PSDB à operação Lava Jato.