A presidente afastada Dilma Rousseff (PT) se solidarizou em seu discurso com o governador Ricardo Coutinho (PSB) pela subtração de verbas federais da conta do Estado destinadas para a fase final do Viaduto do Geisel, praticada pelo governo interino de Michel Temer (PMDB).
“Dias antes do impeachment, continuei a governar e transferi para o meu parceiro principal, o governador Ricardo Coutinho, os recursos necessários para o Viaduto do Geisel. Eram cerca de R$ 17 milhões. Estou dizendo isso para todo o Brasil. Era para concluir a obra que está em fase final, faltando 40% para o término. Tirar essa verba é um desrespeito à prática republicana que é governar para a população. Isso é politicagem que o governante de plantão acha que é o correto. Isto está na origem da corrupção e se chama patrimonialismo”, declarou.
Ela também fez uma saudação especial a vários grupos de minorias sociais, como os LGBT, durante o início de seu discurso na audiência pública que discute a democracia.
O evento começou pouco antes das 16 horas na Praça do Povo do Espaço Cultural, atendendo a um requerimento do deputado estadual Jeová Campos (PSB), aprovado por unanimidade na Assembleia Legislativa. Dilma ainda mencionou especialmente a ativista Elizabeth Teixeira, viúva de João Pedro Teixeira e agradeceu ao poder legislativo a oportunidade de falar sobre o processo de impeachment que está respondendo.
“Estamos vivendo um novo golpe. Neste, a presidente não está na cadeia. Agora, o golpe se dá com a árvore da democracia repleta de parasitas. Eu não tenho conta na Suíça, mas, dizem que eu editei decretos… de execução diária do orçamento do nosso país. São crimes? Não. Tanto não são crimes que meus antecessores fizeram decretos iguais. O ex-presidente Fernando Henrique editou de 20 a 30 decretos assim. Eu já havia feito no mandato passado, mas naquela época não era crime. Falam também no Plano Safra, que é o governo ajudando a agricultura. O que se passa é aquela cena dantesca, quando votaram a admissibilidade do processo de impeachment. Todos falaram que era legítimo que se ame a família, que goste dos agentes de seguro, mas não era legítimo que o impeachment fosse baseado nesses dois fatores. Muito menos na situação de que uma deputada vote pela honestidade de seu marido e no dia seguinte ele fosse preso por corrupção. Esta cena que cercou o início do processo de impeachment estarreceu o mundo inteiro e o colocou sob suspeição”, disse Dilma.