Ainda à frente da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão (PP), ex-aliado do deputado federal Eduardo Cunha (PMDB), passou por cima do colégio de líderes da Casa e marcou a votação que definirá o novo presidente para a próxima quinta-feira (14), em vez de terça-feira (12), como queria o colegiado.
Na quinta-feira (7), Cunha, em manobra para preservar o mandato, renunciou à presidência, gerando um alvoroço entre partidos e parlamentares pela cadeira caga. A decisão de Waldir, que tem conversado com o ex-presidente Lula (PT) e com o presidente interino Michel Temer (PMDB), pode acabar esticando o período à frente da Casa, já que, se algum imprevisto acontecer e votação não for realizada na quinta, o processo ficaria para agosto, dando tempo para aliados da presidente afastada Dilma Rousseff (PT) negociarem o apoio à presidência da Câmara em troca de votos contrários ao impeachment no Senado.
Maranhão se reuniu, na quinta-feira, com vários parlamentares de diferentes partidos na casa do amigo pepista, deputado federal Macedão (CE), para debater alternativas para minar o resto da influência de Cunha na Câmara. O peemedebista tenta emplacar um sucessor aliado, com força para evitar a cassação do mandato, mantendo Cunha longe das mãos do juiz federal Sérgio Moro, na Operação Lava Jato.
Entre os que estiveram na reunião, além de opositores ferrenhos de Cunha, estava Rodrigo Maia (DEM-RJ), que quer usar a amizade com o deputado federal José Guimarães (PT) e com o ex-ministro Aldo Rebelo (PCdoB) para conseguir o apoio dos dois partidos na corrida pela presidência. Mesmo em lado oposto ao DEM, PT e PCdoB podem negociar com Maia para impedir o pior dos males: a vitória de um aliado de Cunha ou do nome indicado pelo chamado “Centrão”.
Demissão de aliado
Maranhão, deixando claro o posicionamento em relação a Cunha, ainda demitiu o secretário-geral da Mesa Silvio Avelino, considerado braço-direito de Cunha na cúpula da Câmara. O substituto será o Wagner Soares Padilha, que deixa a assessoria da liderança do DEM, que tenta se apresentar como alternativa ao ex-presidente.
Futuro de Cunha
Caso a votação seja mantida na quinta-feira, haverá tempo para a conclusão da análise dos recursos ingressados por Cunha contra a cassação e a votação da perda do mandato em plenário. O peemedebista deve perder o recurso e ser cassado pelo plenário da Câmara.
No entanto, caso a votação aconteça na terça-feira, a resolução do recurso de Cunha ficará apenas para agosto, depois do recesso parlamentar. Dando tempo ao ex-presidente para articular a salvação do mandato junto ao novo presidente da Casa, possivelmente um aliado.