Após mais de uma hora de reunião a portas fechadas, o PMDB escolheu o deputado e ex-ministro da Saúde, Marcelo Castro (PI), para ser o candidato único do partido na eleição à presidência da Câmara dos Deputados, após a renúncia de Eduardo Cunha, que é a legenda. Castro foi ministro no governo de Dilma Rousseff.
Castro conquistou 28 votos e venceu o atual presidente da Comisssão de Constituição e Justiça (CCJ), Osmar Serraglio (PR), no segundo turno de votação. No total, foram 46 votantes. O PMDB, que tem a maior bancada da Casa, tem 66 integrantes.
“O PMDB tem vivido, nos últimos tempos, momentos de divisão e isto é uma página virada na nossa história. O PMDB está unido para trabalhar para nosso povo. A condição mais fundamental para um candidato vitorioso é contar com a unidade de seu partido. Se eleito, vou fazer administração com transparência, respeito a democracia e a participação de todos. O Brasil está precisando de harmonia e estabilidade”, afirmou Marcelo Castro.
Perguntado se vai pedir o apoio da atual oposição, Castro afirmou que vai pedir o apoio dos outros 512 deputados. “Meu compromisso é trazer a paz, harmonia e previsibilidade”, disse. O ex-ministro não votou a favor do impeachment de Dilma, condição estipulada pelo PT para apoiar um candidato. “Estava moralmente comprometido com aquele gesto”, explicou Castro. Segundo ele, a base de Temer chegará às eleições com “mais de uma dúzia” de candidatos, exceto Erundina.
O deputado Fábio Ramalho (PMDB-MG) já havia se registrado para a disputa. Apesar da decisão de hoje, da escolha de um candidato único, ele deve manter a candidatura avulsa.
Mais cedo, o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse hoje (12) que “o governo trabalha com a ideia da base ter um candidato único” para a presidência da Câmara dos Deputados.
“Nós estamos trabalhando para que se tenha um só candidato. É possível construir [candidatura única]. Não tem por que nós criarmos a possibilidade de ter qualquer arranhão na base. Nós temos o projeto de um novo Brasil e esse novo Brasil passa por a gente ter condições de ter na Câmara a base que nós temos hoje. Não podemos correr riscos”, disse o ministro.
Oposição
O clima em torno do novo comando da Casa fica mais acirrado após partidos de oposição anunciarem uma reunião na liderança do PT no início da tarde. O partido de Dilma decidiu não apoiar o nome de Rodrigo Maia (DEM-RJ), que pode ser o décimo segundo candidato a se registrar oficialmente. Maia é apontado como uma alternativa a nomes mais ligados a Eduardo Cunha (PMDB-RJ), porém o PT descartou a Maia, pois ele votou a favor do processo de impeachment de Dilma.
A confirmação do nome de Maia na disputa pode levar a uma possível divisão na base aliada a Michel Temer. “Temer me ligou para trocar ideias, mas nunca para declarar apoio a mim ou simpatia a outros candidatos”, afirmou Rodrigo Maia. Em entrevista concedida na manhã de hoje, Maia afirmou que a eleição será decidida voto a voto e disse que os candidatos terão que procurar e conquistar cada apoio na Casa.
Segundo o deputado, o novo presidente da Câmara precisa buscar um ambiente de diálogo e pacificar a Casa. “Temos que devolver ao plenário a soberania dos votos”, defendeu.
Da mesma linha política de Maia, está Rogério Rosso (PSD-DF) que foi o décimo a registrar candidatura na noite de ontem (11). Líder do PSB, Rosso comandou a Comissão do Impeachment da presidenta Dilma Rousseff e é tido como um dos favoritos, entre os governistas, a ganhar a eleição.
Candidaturas
As candidaturas podem ser registradas até o meio-dia de amanhã (13), mesmo dia em que ocorre o primeiro turno de votações. Como o número de candidatos é grande e cada um terá 10 minutos para se manifestar em plenário, assessores da Casa estimam que o primeiro turno se estenda até meia-noite. Pelo acordo firmado ontem (11) por lideranças partidárias, haverá um intervalo de uma hora para início do segundo turno. Em um eventual segundo turno, a disputa será decidida obedecendo aos seguintes critérios: maior número de mandatos e parlamentar mais idoso.
Hoje, o primeiro a registrar candidatura foi o deputado Evair Vieira de Melo (PV-ES) que é vice-líder da legenda e está no primeiro mandato. O deputado Heráclito Fortes (PSB-PI), que foi o sexto a oficializar seu nome, disse hoje (12) que pretende retirar a candidatura. Fortes deve apoiar o nome do mineiro Júlio Delgado, do mesmo partido.