Tão logo desembarcou, na madrugada deste sábado (2), no Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio de Janeiro, procedente da Itália, o empresário Fernando Cavendish foi preso por agentes da Polícia Federal (PF). Ele é dono da empreiteira Delta, investigada pelo Ministério Público Federal (MPF) por comandar um esquema milionário de desvio de dinheiro público que pode chegar a R$ 370 milhões.
Do aeroporto, o empresário seguiu direto para o Instituto Médico Legal (IML), onde foi submetido a exame de corpo de delito e, em seguida, transferido para o Presídio Ary Franco, em Água Santa, na Zona Norte do Rio. O empresário estava na Europa desde o último dia 22 de junho e teve prisão preventiva decretada na “Operação Saqueador”, onde também já foram presos pela PF os empresários Marcelo Abbud e Cláudio Abreu, além de Carlos Augusto de Almeida Ramos, o “Carlinhos Cachoeira” e Adir Assad.
Todos são apontados nas investigações federais como envolvidos em um esquema onde 18 empresas teriam se juntado para “lavar” os R$ 370 milhões recebidos pela Delta através de desvio de dinheiro pago á empreiteira por obras públicas não realizadas.
Segundo o Ministério Público Federal, entre os anos de 2007 e 2012, a Delta teve mais de 96 por cento de seu faturamento advindo de verbas públicas, representando cerca de R$ 11 bilhões e, destes, R$ 6,6 bilhões de contratos com o Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (Dnit).
Desse valor, ao menos R$ 370 milhões teriam sido desviados por meio de pagamentos a empresas de fachada abertas por “Cachoeira” e Assad. Algumas delas, como a SP Terraplenagem Limitada, de Assad, recebeu R$ 47,3 milhões, cujo dinheiro nunca foi usado em qualquer obra pública do Dnit.
As delações premiadas do ex-senador Delcídio do Amaral e de executivos construtora Andrade Gutierrez, negociadas na Operação Lava Jato, trouxeram novos indícios da relação entre o dono da Delta e “Cachoeira” no pagamento de propinas a agentes públicos.