Em entrevista exclusiva ao programa Correio Debate, da 98 FM, o ex-presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB), lamentou a postura do deputado federal Manoel Júnior (PMDB) que apesar de aliado, votou pela sua cassação, na Câmara Federal, em sessão realizada no último dia 12. Apesar disso, o ex-parlamentar elogiou o comportamento do paraibano que levantou várias questões de ordem em Comissões para evitar seu afastamento.
“Alguns covardes que tinham posições diferentes resolveram ficar com a vida fácil da maioria. Infelizmente, o deputado Manoel Júnior teve esse comportamento, ele era muito ligado a mim, era um correligionário, sou grato aos bons momentos em que ele me apoiou, inclusive, ele entrou com várias questões de ordem, ele quem afastou o primeiro relator com uma questão de ordem promovida por ele, mostrando os erros que estavam sendo praticados no processo, foi um grande debatedor. Ao fim, quando ele manifestou aquele voto de hipocrisia ou covardia, seja lá o que for, ele realmente jogou fora tudo que ele havia falado antes dentro do processo, e obviamente, a população sabe reconhecer quem tem firmeza e quem não tem firmeza”, disse.
O ex-deputado acredita que o paraibano poderá sofrer as consequências eleitorais por ter mudado de posição. Segundo ele, a população não aprova políticos “frouxos”.
“Critico a covardia do gesto de última hora. Na minha opinião, ficou pior para ele (Manoel Júnior). Ele tinha uma posição pública de defesa e na hora que ele teve aquele gesto, demonstrou uma covardia e isso, de alguma forma, vai prejudicá-lo. Quando as pessoas elegem um político, elegem para que ele tenha uma posição , se você concorda ou discorda, sempre terá um momento para mudar o seu voto, mas ninguém quer um parlamentar frouxo, ninguém quer um parlamentar que mude de posição a favor de qualquer pressão, ninguém quer um parlamentar covarde. Ele vai perder muito com esse processo, com a posição que ele adotou. O povo é quem vai julgar, não eu”, avaliou.
Cunha também defendeu Manoel Júnior de processo que o paraibano responde no Supremo Tribunal Federal (STF) por suposta tentativa de pressionar o grupo Schahin, por causa de uma disputa com o corretor de valores Lúcio Bolonha Funaro, através de requerimentos apresentados na Câmara.
“Vou defender o deputado Manoel Júnior. Ele não teve culpa nenhuma em relação a isso. Todos aqueles que estavam publicamente me defendendo, naquele momento era o caso de Manoel Júnior, efetivamente, sofreram algum tipo de perseguição. Ele está sendo vítima por ter se comportado em minha defesa. Talvez por causa dessa investigação que foi aberta, ele tenha mudado de posição para ele usar como justificativa para dizer que não é aliado meu porque votou até contra mim”, sustentou.
Ele também negou ter aconselhado Manoel Júnior a ser vice do prefeito e candidato a reeleição, Luciano Cartaxo (PSD), lembrando que o correligionário foi um dos principais críticos à atual gestão da Capital.
“Não. Se tivesse conversado comigo não teria sido candidato a vice, não teria sentido nenhum um deputado federal ser candidato a vice, inda mais que ele era candidato a prefeito e criticava a administração. Se ele criticava a administração e depois foi ser vice de quem ele criticava é até uma circunstância que ele deverá ter alguma dificuldade no curso da campanha eleitoral. Ele falou quando ele estava pré-candidato a prefeito”, falou.
Cunha ainda confirmou durante a entrevista que o deputado federal Aguinaldo Ribeiro, líder do PP, esteve com ele na madrugada da votação que culminou com sua cassação.
“Da mesma forma que não apenas o deputado Manoel Júnior, embora ele tenha sido o mais significante, mas o próprio Aguinaldo Ribeiro que estava fazendo contas com a gente, reunido”, informou.