O prefeito de Salvador, Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM) foi reeleito neste domingo com 74% dos votos válidos. Num resultado histórico, a maior diferença para o segundo colocado em todos os pleitos na capital baiana – a adversária, deputada Alice Portugal (PCdoB), teve 14,56% dos votos -, Neto se consolida como a principal liderança do DEM e de oposição ao PT no Estado. O prefeito reeleito, principal nome para concorrer ao governo da Bahia em 2018, disse que o governador Rui Costa, do PT, é o “grande derrotado político” das eleições deste domingo.
- Não posso deixar de revelar que o governador foi o grande derrotado da eleição, afinal de contas o PT não teve a capacidade de lançar um candidato, e a candidata que ele abraçou teve o resultado que teve. Todos sabem que o governador assumiu um lado, trabalhou o que pode contra minha candidatura, mas o povo de Salvador falou mais alto – afirmou, ressaltando que a derrota do governador “não significa nada” para o futuro:
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Registro a grande derrota política do governador nesse dia, porém isso não dignifica nada a partir de amanhã.
ACM Neto evitou, mais uma vez, falar em eleições de 2018. Ele afirmou que a prioridade é pensar na cidade que o reelegeu.
- Não há nenhuma hipótese de eu discutir 2018 nesse momento. Não estamos preocupados com 2018, não vamos sequer pensar nesse assunto. Nossa preocupação fundamental é o que vamos fazer para Salvador. Minha relação com o governador do Estado será de respeito, será uma relação institucional, construtiva, como sempre procurei fazer, e sem ressentimentos – afirmou.
Pouco antes do resultado da eleição se confirmar, o ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo), presidente do PMDB da Bahia, foi ao encontro de ACM Neto. O ministro não participou da campanha do prefeito – cujo vice, Bruno Reis, é do PMDB e ligado a ele -, mas disse que o próprio presidente Michel Temer pediu que os ministros não mergulhassem nas campanhas municipais.
Para Geddel, a eleição de Neto mostra que o discurso do “golpe”, como insistiu a campanha de Alice Portugal, “não cola mais”. Ele afirmou ainda que essa forma de fazer política é “equivocada e raivosa”:
- Essa história de golpe não pegou em lugar nenhum, e foi um discurso raivoso, vazio de propostas. A sociedade não quer isso, ela quer resultado, e a gestão do ACM Neto trouxe isso – disse.
Perguntado sobre a derrota do PT na cidade, o ministro afirmou que o resultado é tão discrepante que o melhor é ficar em silêncio:
- Sem dúvida nenhuma (é uma derrota de Rui Costa). O resultado é de uma eloquência que é melhor ficar calado
Ao contrário de 2012, quando ACM Neto venceu numa eleição acirrada, resolvida no segundo turno por menos de cem mil votos, contra o candidato do PT Nelson Pellegrino, que tinha forte apoio do ex-presidente Lula e da então presidente Dilma Rousseff, o pleito deste ano aconteceu pouco mais de um mês depois do afastamento definitivo de Dilma da presidência, num contexto de desgaste da legenda no país e sem um candidato petista em Salvador, quebrando uma tradição de mais de 20 anos. Todos esses componentes, aliados à alta popularidade e boa avaliação de ACM Neto, deram ao prefeito uma reeleição fácil, sem grandes obstáculos.
Ao longo da campanha, Neto teve como estratégia explorar muito pouco a imagem de aliados e, como repetiu várias vezes, ressaltou que em seus programas de TV apareciam “só ele e o povo”. Numa tentativa de se distanciar da herança do carlismo, para consolidar um caminho próprio, com alianças amplas e um jeito jovem de governar, o prefeito também decidiu não usar a imagem de seu avô, Antônio Carlos Magalhães, durante a campanha.
Mas, assim como em 2012, ele agradeceu ao avô a vitória deste domingo, assim como fez nas últimas eleições.
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O Globo